domingo, 4 de janeiro de 2009

LIGA SAGRES: DAVID VENCE GOLIAS




ANDRÉ MATOS LEITE


O Trofense, último classificado da Liga Sagres, venceu o Benfica que entrou em 2009 no primeiro lugar do principal palco do futebol português. Após o Porto ter atingido a liderança provisória, a derrota por 2-0 das “águias” permitiu aos “dragões” consolidar a posição.

Do lado dos “encarnados”, Carlos Martins e Pablo Aimar foram chamados à titularidade por Quique que tinha dito, esta semana, querer uma equipa a falhar menos passes. A aposta mostrou-se falhada com os dois médios criativos a mostrarem fragilidades nessa mesma área. O Trofense, por seu lado, mostrava uma grande organização defensiva que impedia os avançados do Benfica de receber a bola nas melhores condições para finalizar. Com as “águias” balanceadas para o ataque, não foi surpresa que um golo dos caseiros chegasse por contra-ataque. Aos 44’ Reguila recebe a bola parte para a baliza de Moreira e remata forte com a bola a passar no meio das mãos do guardião “encarnado” antes de entrar.

Após passar a primeira parte a atacar sempre de forma igual, mas sem conseguir o tão desejado golo esperava-se que o Benfica voltasse do intervalo com ideias renovadas para atacar a baliza defendida por Paulo Lopes. Contudo a equipa que lutava pela liderança do campeonato não mostrou a inspiração criativa necessária aos campeões. Como tal, a ofensiva “encarnada” continuava a desperdiçar as jogadas e o Trofense continuava a aproveitar o contra-ataque. A situação das “águias” agravou-se quando uma imaturidade de Binya as reduziu a dez elementos. Decorria o minuto 64’ quando o camaronês travou uma jogada com a mão vendo o segundo amarelo e recebendo a consequente ordem de expulsão. Com os pupilos de Quique cada vez mais desnorteados, a formação de Tulipa via-se a cada minuto que passava em melhores condições para dilatar o marcador. O segundo tento chegou ao minuto 82’ com Pinheiro a jogar em Hélder Barbosa que com pouca dificuldade fechou o resultado em 2-0.


Ficha de Jogo

Liga Sagres, 13.ª jornada
Estádio do Trofense, na Trofa.
Árbitro: Jorge Sousa (Porto)

TROFENSE: Paulo Lopes; Paulinho, Valdomiro, Miguel Ângelo e Tiago Pinto; Milton do Ó, Delfim e Mércio; Hugo Leal, Reguila e Hélder Barbosa.
Suplentes: Marco, Areias, Pinheiro, Zamorano, Sidney, Rui Borges e David Caiado.
Treinador: Tulipa

BENFICA: Moreira; Maxi Pereira, Luisão, Sidnei e Jorge Ribeiro; Binya e Carlos Martins; Ruben Amorim, Aimar e Di María; Suazo.
Suplentes: Moretto, David Luiz, Migue Vítor, Yebda, Balboa, Makukula e Cardozo.
Treinador: Quique Flores


1 comentário:

Tommy_Gun disse...

Uma derrota inevitável, dada a atitude que a equipa mostrou. Depois da bronca que foi dada por Luis Filipe Vieira e Rui Costa ontem, resta saber se os jogadores terão a "lata" de voltar a repetir exibições medíocres como esta.

Mas para além da atitude parece-me haver também muitos problemas a nivél de disposição táctica da equipa.

Da defesa já falei anteriormente, os laterais parecem-me a maior causa de problemas, pela falta de velocidade que os torna permeáveis ás desmarcações adversárias. Mas a organização do meio-campo do Benfica, e a ligação do mesmo com o ataque revela-se o principal problema do Benfica neste momento, e Quique Flores tem que se assumir como o responsável por essa situação. Carlos Martins e Yebda não rendem aquilo que chegaram a render no ínicio da época, Binya tem as limitações que lhe são mais que conhecidas, e daqui só mesmo Katsouranis se tem exibido a um plano aceitável.

Ruben Amorim, muito embora concorde que forneça equilíbrio defensivo á equipa, tendo em conta que a transição para o ataque no meio campo central não funciona, a falta de profundidade na ala direita com este jogador nota-se muito mais. Então se faltar Reyes, é quase como dizer que não há extremos no Benfica, pois Di Maria teima em não cumprir o que a espaços prometeu. Diga-se sem rodeios que Freddy Adu tinha mais lugar no plantel que o argentino, pois apesar de estar muito "verde" em termos tácticos, quando jogava notava-se objectividade nas suas acções. Prova disso é o facto de ter apontado 5 golos o ano passado, mesmo em poucos minutos de utilização, e as suas entradas quase sempre mexiam com o jogo da equipa.

Chegando mais á frente está aquele que é o caso mais complicado deste Benfica: Pablo Aimar. È no seu posicionamento que pode estar a chave do sucesso que o Benfica quer atingir, e o rendimento do próprio jogador. Quique insiste em colocá-lo como segundo avançado, e já não sei o que será preciso para se perceber que esta solução não funciona. O mesmo fosso que se cava entre meio campo e ataque quando se joga com dois pontas de lança puros (pela inoperância que o meio campo tem revelado em avançar correctamente no terreno) acontece também quando se tenta colocar Aimar mais avançado, pois devido aos problemas no meio campo este é obrigado a buscar a bola muito atrás, deixando Suazo é mercê dos dois centrais e tornando o jogo encarnado extremamente previsivél.

Em suma, por tudo aquilo que falei anteriormente, em face dos problemas que revela, o jogo do Benfica vive das escapadelas que Suazo vai arranjando em virtude da sua velocidade e poder físico, aproveitando alguma das raras desmarcações que os companheiros lhe conseguem proporcionar, e da qualidade nas bolas paradas, que já por mais que uma vez desbloqueou situações dificeis.

Não sou treinador de futebol, por isso não estou habilitado a dar conselhos a Quique Flores, mas creio que esta equipa estaria mais talhada para alinhar em losango. Isto permitiria a Aimar construir as suas jogadas de trás para a frente, alinhando na posição onde mais rende (nº10), conseguindo potenciar a sua enorme creatividade e qualidade de jogo.

Idealmente considero como dupla ideal Suazo e Cardozo (ao contrário de alguns comentadores "iluminados"), um pelas características que apontei acima e que o torna um desequilibrador nato, e o outro porque é o que melhor interpreta o papel de "matador", devido ao seu repentismo, facilidade e muita qualidade de remate e boa leitura de jogo.

Cardozo, com um bom apoio do meio campo, já não precisaria de estar a desviar para as linhas, ou recuar tanto para procurar desequilibrios (porque depois falta a velocidade para rapidamente se colocar na área novamente), e actuar na posição que lhe está destinada, e onde obtém rendimento elevado: nas imediações da área, aproveitando o seu poder de finalização, e abrindo espaços para Suazo aparecer de trás a finalizar.

Daqui, só uma dúvida me ocorre: Estaria Reyes (um natural titular, dado o seu talento) talhado para jogar como interior esquerdo, com as preocupações defensivas que esta posição exige? Na direita não me parece haver problemas, pois Yebda, Ruben Amorim ou mesmo Fillipe Bastos possuem essas características. Katsouranis parece-me o candidato natural a trinco.

É a opinião de um simples adepto, mas em teoria seria uma boa solução para o Benfica não se apresentar mais da forma amadora que se apresentou na Trofa. Algo me diz que mais cedo ou mais tarde isto será aplicado :D .