domingo, 21 de outubro de 2007

ENTREVISTA GAZETA DO FUTEBOL

2ª Parte

JOSÉ GUILHERME AGUIAR



"PODER E COMPADRIO É QUE VENCEM ELEIÇÕES PARA A LIGA DE CLUBES"



JOSÉ PEDRO PINTO




GAZETA DO FUTEBOL: Porque é que decidiu não se candidatar à Presidência do F.C. Porto, nas últimas eleições?

JOSÉ GUILHERME AGUIAR: (risos) Primeiro, porque a presidência do F.C. Porto está bem entregue. Segundo, porque não tenho quaisquer aspirações em ser Presidente do F.C. Porto… Por isso, não foi uma decisão na qual eu tivesse perdido 10 segundos a pensar! Sempre que me punham essa questão, a resposta era imediata e estava na ponta da língua.


G.F.: Disse, em declarações ao CORREIO DA MANHÃ, que “quem tem estatuto para avançar nunca o fará contra ele (Pinto da Costa) porque não existem condições emocionais no F.C. Porto para haver oposição”. Isso quer dizer que derrotar Pinto da Costa, nos dias de hoje, é praticamente uma missão impossível?

J.G.A.: Neste momento, face aos excelentes resultados que a gestão de Pinto da Costa vem alcançando nos últimos 25 anos, penso que só um cataclismo é que o tornaria derrotável em eleições para a presidência do F.C. Porto…


G.F.: No entanto, não fecha as portas a uma eventual candidatura, sempre e quando Pinto da Costa decidir sair do F.C. Porto…

J.G.A.: Eu nunca excluo nada para que possa ter apetência, mas reafirmo que não tenho quaisquer intenções em ser Presidente do F.C. Porto. No entanto, é preciso não esquecer que eu gosto muito do F.C. Porto e dediquei a este clube muito tempo da minha vida. É óbvio que se me perguntassem se eu recusaria terminantemente ser Presidente do F.C. Porto, responderia que não. Consumir droga ou ser presidente da Rússia? Sim, isso recusaria terminantemente. Ser Presidente do F.C. Porto, não recusaria terminantemente porque tenho uma grande afectividade por essa instituição.


G.F.: Perder as eleições para a Direcção da LPFP contra o Major Valentim Loureiro, em 2002, foi a maior derrota da sua vida profissional?

J.G.A.: Foi uma das minhas maiores derrotas e, sobretudo, foi uma derrota com um travo bem amargo, pois foi construída na base do compadrio e da ilicitude. Foi muito doloroso porque uma coisa é perder em eleições livres e democráticas; outra completamente diferente é eu perder para presidentes de Câmaras Municipais que trocaram o voto de clubes que protegiam por auto-estradas ou aprovações urbanísticas. Perante isso, eu estava logo à partida derrotado. Como já se provou que essas ilicitudes fizeram o meu adversário ganhar, já não o fazem ser merecedor dessa vitória…


G.F.: Afirmou, na altura, e em entrevista ao EXPRESSO, que não fez “negócios de corredor” com ninguém. Foi esse factor que o fez perder frente ao Major Valentim Loureiro?

J.G.A.:
Completamente! Na altura, eu tinha os clubes do meu lado, mas o problema é que não tinha as Câmaras Municipais… E digo isto sem o receio de ser confrontado com a maneira como o haveria de provar. Provo-o, perfeitamente!


G.F.: Ainda acredita que são os projectos que vencem eleições na LPFP – ideia na qual assentou a sua candidatura – ou já chegou à conclusão de que o poder e o nome é que vencem?

J.G.A.: Infelizmente, não são os projectos. Muitas vezes o nome, o poder e o compadrio – aqui é que está o verdadeiro problema – acabam por derrotar os projectos. Como o meu, que visava uma reestruturação do futebol português, e não falsas promessas aos clubes.


G.F.: Põe em cima da mesa a hipótese de ainda poder vir a ser Presidente da LPFP?

J.G.A.: Não ponho essa hipótese nos dias que correm, mas se me dissessem que, mais tarde ou mais cedo, acabaria por sê-lo, não rejeitaria liminarmente esse cenário. É uma estrutura, inclusivamente – sem querer assumir qualquer tipo de paternidade –, que eu ajudei a criar e que eu vi a crescer. Essa evolução não foi fácil, não se fez à custa de flores, nem esteve assente nos princípios dos hyppies de São Francisco («faz amor e não guerra»). No entanto, para já, não penso em ser Presidente da LPFP.





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