segunda-feira, 16 de março de 2009

Jesualdo, um campeão a caminho do desemprego?

Quando ainda se jogam vários dos objectivos desta temporada e com os azuis e brancos a manterem aspirações à vitória nas três frentes em que estão ainda envolvidos, antecipadamente e como sempre, já se começa a jogar nos bastidores muito do planeamento da próxima temporada.

A passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões, com os inevitáveis dividendos desportivos e económicos decorrentes, teve o mérito de atrair ainda mais a atenção dos “tubarões” europeus para os melhores jogadores da equipa portista. Não será portanto de espantar se no final desta época, o plantel veja partir os seus activos mais valiosos. Precavendo esta situação, a administração aponta já baterias para a definição do plantel que atacará a próxima época. Miguel Lopes e Varela já estão confirmados, mas notícias recentes apontam Eliseu, Beto e Rúben Micael como negócios praticamente certos. Parece começar assim, a ganhar forma o próximo plantel, apesar da definição do técnico que irá liderar a equipa deixe ainda vários pontos de interrogação que nem a passagem da eliminatória da Champions ajudou a esclarecer. Jesualdo Ferreira sempre vai afirmando que se mantém tranquilo e focado nos objectivos. Mas poderá estar verdadeiramente tranquilo quando as contratações que vão sendo anunciadas na imprensa representam uma alteração de rumo face à política de reforços que seguiu desde que assumiu o comando técnico dos Dragões?

Todos os esforços apontam para jovens nacionais, com margem de progressão e com experiência de campeonato nacional. Uma clara contradição com a política de contratações assumida pelo técnico, já que pelas suas mãos chegaram ao Dragão 21 jogadores estrangeiros num total de 24, num investimento a rondar os 40 milhões de euros. E prendem-se nestes pontos as reticências da administração e dos adeptos, para os quais aliás nunca foi um treinador consensual, em renovar com o técnico. Mas não será este o prenúncio de que os tempos de Jesualdo no Porto terminam no final desta temporada? É que aliado ao enorme investimento efectuado no extenso mercado sul-americano sem resultados aparentes, preferencialmente o argentino que época após época foi engrossando o plantel, o técnico negligenciou por completo a aposta assumida da administração em jogadores formados no clube e não rentabilizou jogadores com os quais o Porto tem ainda contrato, como Ibson ou Pitbull. Pior, engrossou o lote de jogadores emprestados, sem que daí tenha resultado aproveitamento desportivo e consequentemente dividendos económicos para a SAD desses jogadores. E já se sabe o quanto é importante a rentabilização de jogadores para a sanidade das contas da SAD.

Apesar do discurso coerente e sempre ambicioso do técnico, não é pacífica entre os adeptos a contenção defensiva com que enfrenta as partidas com os eternos rivais de Lisboa. Jesualdo Ferreira tem somado desilusões em jogos com os rivais e as competições a eliminar têm ditado alguns amargos de boca aos adeptos, como as derrotas com o Atlético para a Taça de Portugal e mais recentemente com o Sporting para a Taça da Liga. As recordações das últimas edições da Supertaça também não serão as melhores. No Porto ganhar é um hábito adquirido e uma exigência permanente dos adeptos e administração, nas palavras do técnico “é como lavar os dentes”. Pelo que, a conquista do título de Campeão Nacional não representa por si só a garantia de permanência no cargo. Jesualdo Ferreira pode ter mesmo o lugar em perigo! Mas sempre que penso nesta matéria, imediatamente me ocorre quem o poderá substituir?

Jorge Jesus, que tem demonstrado em Braga todo o potencial que se lhe adivinhava depois das brilhantes campanhas em Belém? Uma aposta de risco como Jorge Costa, que tem entusiasmado em Olhão, onde parece capaz de devolver o Olhanense à elite do futebol nacional? Um técnico estrangeiro, que seria uma solução não menos arriscada se tivermos em conta as desilusões recentes que foram Co Adriannse, Víctor Fernandez e Luigi Del Neri? São poucos os treinadores capazes de neste momento de assumir o comando técnico dos Dragões e apontar um será sempre um exercício complicado. Mas, neste momento parece-me óbvio que muito do futuro de Jesualdo Ferreira no FC Porto passará pelos resultados desportivos que a equipa conseguir até ao final da época e como os objectivos que se avizinham são exigentes, exigem-se-lhe dias de glória.

Por: Ricardo Carvalho (Colaborador ogolo.net)