quinta-feira, 9 de abril de 2009

Beto, uma "estrela numa equipa de segunda linha"

Por: Cláudio Carvalho

Não é minha pretensão desvalorizar o Leixões Sport Club, simpática e centenária colectividade e com muitos pergaminhos no desporto nacional, mas actualmente tenho que destacar o atleta António Alberto Bastos Pimparel, mais conhecido por Beto na gíria futebolística.

Este jogador começou com oito anos no União Ponte Frielas, mas só nasceu para o futebol no Sporting Clube de Portugal, aos 11 anos deidade. A partir daí nunca mais parou, tendo marcado presença em todosos escalões da formação da selecção nacional e treinado juntamente com Peter Schmeichel, entre 1999 e 2001.
Todavia, quando tudo parecia bem encaminhado, eis que Beto acaba emprestado ao Casa Pia. Dois anos volvidos, chega a Chaves e em 2005/06 acaba em Marco de Canaveses. Todavia, após um jogo terrível para Beto, perdendo por 5-0 em casa frente ao Leixões, acaba por entrar em negociações com o clube pelo qual viria a brilhar mais tarde na Liga Vitalis e Liga Sagres.

É verdade que Beto agora já tem quase 27 anos, mais 7 do que quando saiu do Sporting em 2002, mas o talento continua lá e o salto estará para breve e, ainda a tempo de muito dar à selecção de todos nós.

Já lhe apontaram a falta de altura como defeito, mas compensa com uma enorme agilidade e poder de impulsão. Muitos terão a tendência a confundir a segurança que transmite e o instinto e garra que emprega dentro de campo com exibicionismo. A verdade é que ninguém fica indiferente ao estilo do jogador.

Beto é um dos muitos exemplos de que clubes com menor expressão também formam ou reavivam excelentes atletas. As equipas de segunda linha em Portugal têm peças que poderiam encaixar em qualquer um dos clubes denomeada. Estes só têm que abrir a pestana em vez de procurarem no mercado internacional, um mercado bem mais caro e onde a relaçãoqualidade/preço sai a perder com certeza.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Quantos médios tens, Sporting?

Por: Filipe Dinis
Não é minha intenção alongar-me muito nesta crónica e por isso mesmo vou responder já à pergunta que coloquei sob título deste meu espaço de opinião.

Pois bem, o Sporting tem, hoje, quarta feira dia 8 de Abril, dois médios disponíveis. As contas são fáceis de fazer, até para quem nem é muito bom em matemática, como é o meu caso.
Paulo Bento tem 8 médios no seu plantel. São eles: Miguel Veloso, Adrien Silva, João Moutinho, Bruno Pereirinha, Romagnoli, Vukcevic, Izmailov e Rochemback.
Analisando caso a caso, rapidamente percebemos que o treinador dos leões tem, nos sete jogos que faltam disputar no campeonato, uma árdua tarefa para construir um losango bem ao seu gosto.
Ora então vejamos: Rochemback lesionou-se no jogo frente ao Leixões e terá pela frente um mês de paragem e, sabendo as características do 26 leonino, o facto de voltar a ganhar o ritmo necessário para competição não será fácil. Pelas minhas contas, o brasileiro vai falhar os jogos com a Naval, Vit. Guimarães, Estrela da Amadora, Académica e, muito provavelmente, com o Vit Setúbal, sendo por isso uma carta fora do baralho leonino.
Depois há Vukcevic, que não joga mais esta época, pois tem pela frente a recuperação à lesão no ombro, que tanto tem incomodado o montenegrino. Já Izmailov, que tem estado a recuperar de uma tendinite, já há alguns jogos que tem estado ausente, sobretudo, e o mais marcante, na final da Taça da Liga frente ao Benfica.
Já falámos em três, faltam cinco. E se desses cinco tivermos em conta o caso enigmático de Miguel Veloso, Paulo Bento não tem por onde escolher. Veloso ainda pode recuperar algum do tempo perdido mas, se olharmos para trás, recordar-se-ão de uma pergunta de um jornalista a Paulo Bento sobre se contaria com o jogador até final da época. O treinador disse que a resposta estava na lista de convocados e a verdade é que Veloso ficou de fora. Portanto, será interessante verificar até que ponto Miguel voltará a jogar pelo Sporting e em que condições, isto apesar de o já ter feito em Matosinhos.
Restam, assim, quatro jogadores, precisamente os necessários para formar o meio campo de Paulo Bento. Mas, se olharmos novamente com atenção, verificamos que Adrien e Romagnoli também não estão nas condições físicas ideias. Os dois jogadores apenas integraram o treino de hoje quase sem limitações e, para a Naval, deverão mesmo ser titulares embora não acredito que estejam a 100 % para tal.
Como disse no princípio, o Sporting tem hoje dois médios disponíveis: Pereirinha e João Moutinho.
Paulo Bento tem, por isso, razões para estar preocupado...

terça-feira, 7 de abril de 2009

A (des) ilusão de Quique

Por: Duarte Monteiro
dmonteiro@ogolo.net

O campeonato 2008/2009 caminha a passos largos para o final e numa qualquer oficina de costura na baixa portuense já carbonizam as máquinas que vão fabricar as faixas do “tetra” para o FC Porto.

É não é só uma normalidade mas igualmente um lugar comum no futebol português. “FC Porto campeão”, mais uma vez. E isto, quando a temporada até começou com “ilusões” megalómanas bem mais a sul, dos dois lados da segunda circular.

O Sporting, com a sua equipa de continuidade e o seu treinador de sempre, aposta indestrutível de um presidente derrotado, nas suas próprias palavras, chega à meta com o sonho do título na mente, mas pouco real. Uma Taça da Liga perdida em contornos bem “nacionais” e uma história europeia ambígua.

Mas do Sporting se poderá falar noutra altura, porque este texto pretende versar sobre a história de “fadas” no universo encarnado, a “ilusão” de um espanhol que chegou à Luz envolto numa esfera de euforia, aposta na modernidade personificada na figura de Rui Costa.

Com quase duas décadas de sofreguidão e momentos raros de felicidade, a imensa nação benfiquista renovava os votos de esperança, espelhando-a no rosto do novo “homem do leme” da nau encarnada.

E cedo Quique Sánchez Flores começou a fazer o que melhor saber. Vender sonhos e “ilusões”, porventura assentes na sua enorme capacidade de charme e elegância que a todos imbuiu num espírito de mistificação. Quique estava cá, e trazia o sonho de “iludir” os adeptos, num discurso tão bem articulado como falso.

A tudo isto, Rui Costa e Luís Filipe Vieira juntaram um plantel rico e pesado em nomes, pouco normais para a realidade do futebol lusitano. Reyes, Aimar e Suazo apareciam na linha da frente de uma armada que tinha, e tem, ainda outros nomes sonantes.

Pois bem. Os jogos, os meses e as jornadas foram passando e as desculpas, porventura até correctas, no início, foram servindo para “calar” a crescente desilusão que se instalava.

Enquanto a norte, um tradicional FC Porto triturador ia sendo raridade, caindo aqui e acolá em desgraça, mais a sul, a “fábrica de sonhos” do mestre Quique ia produzindo cada vez menos… ilusões.

À eliminação na Taça de Portugal, relativamente precoce para um clube da dimensão do Benfica, e a uma prestação europeia ao nível de uma qualquer equipa medíocre da Liga do Uzbequistão, o Benfica foi somando exibições enfadonhas que foram evoluindo até atingir o limiar da dor humana.

E é aqui que se deve declarar o fracasso redondo e inquestionável de Quique Flores. Que não conquistasse o título na sua primeira época no Estádio da Luz era um dado (quase) garantido.

Que até venceu um troféu, importante para uns e secundário para outros, é uma certeza positiva num clube que tem “penado” por conquistas.

Agora, o processo natural de uma evolução pressupõe precisamente isso: evolução. E o que se viu, e tem visto no Benfica, é um retrocesso acelerado e alarmante nos processos e rotinas de jogo, na tentativa de criar algo que um dia se assemelhe a uma equipa de futebol.

A isto, acrescenta-se um lote de jogadores fora do seu “habitat” natural e um desconhecimento, diria, completo da maioria das equipas do nosso campeonato, e temos espremido o trabalho do ilusionista espanhol: Um desastre futebolístico em, quase, toda a linha.

A equipa do Benfica é hoje uma soma de onze jogadores, desconectados e desligados entre si, a jogar, muitos deles, em posições novas e inventadas pelo espanhol, incapazes de produzir, uma vez que seja, qualquer lance de futebol combinado.

O que se viu na Amadora foi a prova última e cabal de tudo isto. E sem medo de exagerar nas palavras ou de tocar em pontos sensíveis, digo com franqueza: O Benfica de hoje não tem equipa de futebol. Equipa, essa tinha Fernando Santos e foi “corrido”, porque talvez não sabia vender “sonhos”, apenas o tinha, no seu coração benfiquista.

E por cá se sabe que, na Luz, e por detrás das portas de aço, possa haver quem suspire pelas ideias do engenheiro…