sexta-feira, 3 de agosto de 2007

COMENTÁRIO DA SEMANA

OS ÁRBITROS, OS TREINADORES E O FUTEBOL


ANDRÉ MATOS LEITE


Pessoalmente, estou farto de ouvir que “o árbitro não assinalou um penalty”, que “ficou um jogador por expulsar”, entre outras desculpas dos comandantes das diversas equipas portuguesas.


Nos últimos anos temos vindo a assistir a um fenómeno crescente no futebol português: as queixas de más arbitragens. É frequente os treinadores, especialmente dos “três grandes”, recorrerem aos erros de arbitragem para justificar os maus resultados das suas equipas.

Mais recentemente, assistimos ao escândalo “Apito Dourado”, que pode vir a incentivar os “misters” a usarem cada vez mais esta justificação para as suas derrotas e mesmo empates.
Pessoalmente, estou farto de ouvir que “o árbitro não assinalou um penalty”, que “ficou um jogador por expulsar”, entre outras desculpas dos comandantes das diversas equipas portuguesas.

Vamos ser honestos. Cada um dos três grandes têm equipas que valem milhões. Os seus orçamentos são exageradamente elevados devido à participação não só nas duas competições nacionais (a que se junta agora a Taça da Liga), mas também nas competições europeias. A quantidade de clubes, na Liga Portuguesa, que podem competir com Benfica, Porto e Sporting está reduzida a dois ou três clubes e, aquele que me parece ser o maior opositor da hegemonia dos “três grandes”, o Braga, só pode esperar o 4º lugar na Bwin Liga.

Ora os jogos que decidem o campeonato raramente são os Benfica – Porto ou Porto – Sporting. São os jogos com os “pequenos” que realmente decidem as posições. Com as diferenças de orçamento e de qualidade de jogadores não se admite que os “três grandes” se apoiem nas más arbitragens para justificar os maus resultados. Se equipas que têm Lucho González e Quaresma, Miguel Veloso e Liédson, ou Katsouranis e Manuel Fernandes perdem e empatam não é por culpa dos árbitros. Os erros de arbitragem são normais. Os árbitros são humanos. E nunca o Benfica se queixou das grandes penalidades erradamente assinaladas sobre João Pinto, nem o Sporting se queixou do mesmo com Acosta, nem o Porto se queixava de os árbitros não expulsarem Paulinho Santos.

Os nossos três principais candidatos ao título têm que mudar de mentalidade. Se clubes com este poder desportivo e financeiro não conseguem ultrapassar alguns erros de arbitragem para ganhar aos mais pequenos clubes da Primeira Liga Portuguesa, será que merecem ganhar? Não. Clubes que pretendem lutar pela Liga dos Campeões têm que ser capazes de ganhar, mesmo que prejudicados por erros da arbitragem.

Sem comentários: