ESTA SEMANA, ESCREVO EU...

A DESGRAÇA DO FUTEBOL PORTUGUÊS É A SALVAÇÃO DA SELECÇÃO

Não quero com isto denegrir o nosso futebol. Na minha opinião, a Bwin Liga está dentro das 5 melhores ligas do mundo! No entanto, os nossos clubes, talvez por mentalidade ou regime de treino, têm a maior das capacidades de formar grandes jogadores. Não têm é a capacidade dos clubes ingleses, italianos e espanhóis para os amadurecer.

ANDRÉ MATOS LEITE

Existe um fenómeno interessante em Portugal. Algo que não é novo. É, aliás, um problema bastante antigo. A confirmação parece só ter chegado nos últimos anos, no entanto, com a grande exportação dos nossos talentos futebolísticos para os grandes palcos europeus.

Portugal tem alguns dos melhores atletas que já vi a jogar. Entre Figo, Rui Costa, João Pinto (ninguém simula penáltis como ele!), Ricardo e culminando no fenomenal Cristiano Ronaldo. Já no futebol de outros tempos podíamos ver jogadores nacionais com calibre acima dos estrangeiros tão cobiçados pelos nossos “três grandes”: Eusébio, Chalana, Fernando Gomes, entre outros, tantos outros portugueses que tanta qualidade tinham.

Apesar de toda a qualidade que a selecção das “quinas” sempre teve ao seu dispor, apenas duas gerações se destacaram nas competições internacionais: Os “magriços” de 66 comandados pelo poder de Eusébio e a “geração de ouro” do genial Figo. Esta segunda geração, ao contrário da de 66, parece não querer acabar, parece querer ser intemporal, parece querer ver os velhos fundadores saírem e os novos talentos tomarem os seus lugares.

Qual a diferença que existe para que os actuais futebolistas portugueses sejam mais bem sucedidos a nível de selecção do que os “velhos antepassados”? Será maior qualidade? Será menor qualidade dos adversários? Na minha opinião a razão é simples. Antes, os jogadores das “quinas” não tinham a oportunidade de actuar nas diferentes ligas europeias como hoje têm. Não quero com isto denegrir o nosso futebol. Na minha opinião, a Bwin Liga está dentro das 5 melhores ligas do mundo! No entanto, os nossos clubes, talvez por mentalidade ou regime de treino, têm a maior das capacidades de formar grandes jogadores. Não têm é a capacidade dos clubes ingleses, italianos e espanhóis para os amadurecer.

Alguém acredita que o próprio Eusébio, considerado o terceiro melhor jogador de sempre, não poderia ter sido ainda melhor se tivesse tido a oportunidade de contactar da mesma forma que o Figo com outras culturas futebolísticas? Alguém acha que o Cristiano Ronaldo, para mim o melhor jogador da actualidade, seria tão bom como é hoje se tivesse permanecido no Sporting? Não é só pela qualidade que cada jogador em si ganha que a selecção portuguesa está mais forte hoje em dia. É também pelas experiências que cada um adquire ao actuar nas ligas internacionais. Antes, os internacionais só conheciam, verdadeiramente, o modo de jogo português. Hoje, os internacionais conhecem perfeitamente as escolas inglesa, italiana, espanhola, alemã, etc. Será que é por isto que a selecção das “quinas” consegue hoje o que não conseguia desde que acabaram os “magriços”?