sexta-feira, 18 de abril de 2008

ESTA SEMANA, ESCREVO EU…

DIGNIDADE NO XADREZ!





Para um clube centenário e com grande história em Portugal o Boavista merecia mais respeito por parte de todos os amantes do desporto. Numa semana em que se fala na possibilidade de fechar portas, há pouco destaque na imprensa para a precedente cabal que isso poderá provocar no desporto-rei e o que há, quase que roça a ironia e vontade que o clube acabe de vez.



PATRÍCIA MARTINS




Têm sido tempos complicados os que se vivem pelos lados do Bessa. Um nome histórico do futebol português tem andado pelas ruas da amargura. Não é justo tratarem com indiferença o possível desaparecimento de um emblema que muito deu, num passado não muito distante, ao futebol português.

Com o aparecimento de um investidor os boavisteiros respiraram fundo e pensaram que finalmente havia uma lufada de ar (dinheiro) fresco. Mas o tempo passa e escasseia… e questões de dívidas resolvidas, nem vê-las! O presidente Joaquim Teixeira, já disse ter confiado nas pessoas erradas, ao mesmo tempo que previa um triste desfecho para o clube da pantera. Estaria ele a referir-se a Sérgio Silva? Uma incógnita a que talvez hoje, data limite avançada pelos jogadores (que admitem uma greve) e pela temível ameaça de insolvência da SAD, se apresente alguma solução…

O Bessa sempre foi uma magnífica escola onde os maiores emblemas vieram buscar jogadores de topo do nosso campeonato: João Vieira Pinto, Nuno Gomes, Ricardo, Petit, Pedro Emanuel, Raúl Meireles, Bosingwa… Estes são alguns dos nomes que mais se ouvem no meio futebolístico, e todos eles têm em comum o emblema axadrezado que os catapultou para a fama.

Formação à parte, não podemos esquecer o abanão que o Boavista provocou no campeonato do nosso país. Com a intromissão entre os grandes acabou com o domínio de três clubes e trouxe maior competitividade a Portugal. Um título nacional em 2001, vários segundos e terceiros lugares, finais de Taças de Portugal e Supertaças e algumas conquistadas. Acima de tudo, grandes participações e exibições pela Europa do futebol.

Um dos clubes mais ecléticos em Portugal, que a muito custo, lá vai mantendo todas as suas modalidades ao contrário da grande maioria dos restantes emblemas. São quinze as modalidades em competição e formação e mais de 1.700 atletas que não caem no esquecimento. Muitas são os títulos existentes nestas áreas, entre os quais os paralímpicos e mundiais em boccia e boxe, as presenças em jogos olímpicos de atletas de ginástica e voleibol de praia e as vitórias no ciclismo.

Para um clube centenário e com grande história em Portugal o Boavista merecia mais respeito por parte de todos os amantes do desporto. Numa semana em que se fala na possibilidade de fechar portas, há pouco destaque na imprensa para o precedente cabal que isso poderá provocar no desporto-rei e o que há, quase que roça a ironia e vontade que o clube acabe de vez.

Nada justifica os incumprimentos salariais e dívidas sem medida, mas será que só o místico emblema axadrezado passa por essas dificuldades? Ou apenas a pantera foi uma boa solução de agrado à maioria para servir de bode expiatório? Menos felicidade e mais reflexão!

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