sexta-feira, 16 de maio de 2008

ESTA SEMANA, ESCREVO EU...




A PRIMEIRA CAMINHADA DA
(QUASE) NOVA SELECÇÃO



Entre os extremos, a controvérsia tem-se gerado à volta de Cristiano Ronaldo. Parece haver um consenso em que existem dois Ronaldos. O do Manchester United, aquele que é o melhor do mundo, e o português, um clone que ao contrário do original quase não sabe jogar à bola. Não entendo como podem os adeptos do futebol português ver esta diferença. É verdade que nunca foi o mesmo nas duas equipas, mas poderemos culpar Ronaldo por ser diferente numa formação que já está entrosada do que numa que não o está?




ANDRÉ MATOS LEITE



Vem aí mais uma oportunidade para a Selecção de Portugal conquistar o seu primeiro título. Desta feita, a equipa das quinas que todos nós estávamos habituados a ver defender as cores nacionais já não existe. Nomes como Luís Figo, Rui Costa, Costinha, Pauleta ou Maniche não constam mais das convocatórias, ou por terem abandonado a selecção, ou por Scolari ter decidido não os chamar.

É sobre os 23 do seleccionador da equipa lusitana que pretendo falar. Três guarda-redes, quatro laterais e outros tantos centrais, três médios defensivos e dois mais atacantes, quatro extremos e três pontas-de-lança. Nenhum comentário quanto ao número de jogadores para cada posição. São o standard para qualquer equipa do mundo. No entanto, analisando os nomes, encontro algumas escolhas com as quais não concordo e outras que ouço demasiados a discordar quando são opções óbvias.

No capítulo dos defensores da baliza portuguesa, Rui Patrício é um nome incompreensível. O jovem do Sporting, embora titular com Paulo Bento, não é, pelo menos ainda, jogador para as «quinas». Cometeu inúmeros erros ao longo dos jogos que efectuou, alguns dos quais poderiam ter comprometido a época dos “leões”. É demasiado inexperiente e imaturo para se arriscar tê-lo como última defesa contra o golo adversário (por muito improvável que seja essa hipótese).

Quanto aos laterais, “Felipão” convocou três laterais direitos e apenas um esquerdo. Mas para quê levar Miguel, Bosingwa e Paulo Ferreira para mais uma campanha europeia? O ex-“dragão” Bosingwa (já assinou pelo Chelsea) é o melhor na posição, mas entre Miguel e Paulo Ferreira é necessário escolher apenas um, mesmo que o lateral do Chelsea esteja acostumado à esquerda. Para mim seria o lateral do Valência o escolhido já que nunca vi Paulo Ferreira fazer nada na selecção que justifique a contínua aposta em si. Teria sido melhor substituí-lo por Caneira, o mais polivalente dos defesas portugueses.

Deco é outra das opções, para mim, mais questionáveis. Não é pela época cheia de lesões. Simplesmente, parece-me que o jogador do Barcelona se tem vindo a esquecer que é português por opção e só se lembra da sua nacionalidade original. Isto porque durante a qualificação, não foi um Deco em baixo de forma, mas motivado, aquele que jogou. Foi um Deco sem alma, sem paixão, sem querer… enfim, foi um Deco que não tem vontade de tentar dar alegria à sua selecção.

Entre os extremos, a controvérsia tem-se gerado à volta de Cristiano Ronaldo. Parece haver um consenso em que existem dois Ronaldos. O do Manchester United, aquele que é o melhor do mundo, e o português, um clone que ao contrário do original quase não sabe jogar à bola. Não entendo como podem os adeptos do futebol português ver esta diferença. É verdade que nunca foi o mesmo nas duas equipas, mas poderemos culpar Ronaldo por ser diferente numa formação que já está entrosada do que numa que não o está? Ou será pior Quaresma, um jogador que pela sua individualidade exacerbada e, por vezes, pouco eficaz, se tornou no principal responsável da eliminação do Porto da “Champions”?

Finalmente os pontas-de-lança. Aqueles a quem, normalmente, damos a função de marcar golos. Dos três, apenas Hugo Almeida tem estado em boa forma no seu clube. Postiga e Nuno Gomes, por outro lado, são dois casos estranhos. Ambos já foram grandes jogadores. Contudo, nos últimos anos têm actuado muito abaixo das suas capacidades e não têm, neste momento, a mesma qualidade do seu rival de posição. No entanto, os concorrentes não se mostram muito melhor. Pessoalmente gostaria de ver Makukula, mas o avançado do Benfica, apesar da sua capacidade física imponente, tem estado ao mesmo nível de Postiga e de Nuno Gomes, prevalecendo estes dois pela experiência internacional.

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