sábado, 21 de junho de 2008

EDITORIAL


VALEU, PORTUGAL




Foi belo ver os emigrantes receber a comitiva lusitana, em Neuchâtel, em clima de verdadeira apoteose, ver milhares de motards em autêntica escolta de honra ao autocarro português a caminho de Genebra, ver os adeptos a vibrar com a Selecção em plena Avenida dos Aliados, na cidade do Porto, e ver cachecóis e bandeiras no ar e lágrimas ao canto do olho sempre que «A Portuguesa» ecoava mesmo no mais pequeno rádio escondido na mais remota vila do país. Valeu, Portugal.



Há uma velha máxima que diz que o espectáculo só termina quando “a senhora gorda canta”. Na passada quinta-feira, Fröjdfeldt foi o artista convidado para “cantar”, apitando para o final da partida dos quartos-de-final entre Portugal e a Alemanha. O resto, já toda a gente sabe.

O último mês recheou-se de uma sinestesia entre várias sensações. Do cepticismo latente que percorria o país passou-se à fase do “acreditar piamente no sucesso” e, como se um estalar de dedos fizesse toda a diferença, a derrota frente aos germânicos fez acordar um Portugal apático, desiludido e tristonho numa manhã de sexta-feira também ela encoberta com algumas nuvens.

Muitas pessoas se interrogam se terá valido a pena tamanha dedicação e a construção de uma corrente de energia positiva à volta da Selecção. Valeu, Portugal. Porque foi belo ver os emigrantes receber a comitiva lusitana, em Neuchâtel, em clima de verdadeira apoteose, ver milhares de motards em autêntica escolta de honra ao autocarro português a caminho de Genebra, ver os adeptos a vibrar com a Selecção em plena Avenida dos Aliados, na cidade do Porto, e ver cachecóis e bandeiras no ar e lágrimas ao canto do olho sempre que «A Portuguesa» ecoava mesmo no mais pequeno rádio escondido na mais remota vila do país. Valeu, Portugal.

Uma palavra para os 23 convocados: obrigado. Por mais um mês pleno de emoção e alegria. Não chegámos tão longe como todos quereríamos e erros foram dados que poderiam ter sido evitados. Mas obrigado à mesma por envergarem o equipamento encarnado, entrarem em campo e vencerem a Turquia e a Rep. Checa. Escorregámos frente à Alemanha, mas a pele ficou em campo e a atitude, essa, foi de louvar.

Duas palavras para Scolari: até sempre. Com «Felipão» ao leme português, a Selecção atingiu a final do Euro 2004, as meias-finais do Mundial 2006 e os quartos-de-final do Euro 2008. Critica-se o anúncio da sua ida para Londres numa altura em que os objectivos se focavam na Suíça e Áustria. Fora isso, podemos ainda apontar-lhe o dedo pela agressão a Dragutinovic. Mas para sempre perdurará o momento em que Scolari, após a vitória frente aos ingleses no Euro 2004, percorreu o relvado da Luz trazendo consigo dois panos: a bandeira de Portugal, que encostou ao peito, e a do Brasil. Até sempre e boa sorte no Chelsea.

Fechámos, na última quinta-feira, a cobertura da Selecção Nacional no Euro 2008. O nosso desejo era chegar a Viena. O nosso desejo era atingir a final. Para a próxima será melhor. Temos a certeza.



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