sábado, 19 de julho de 2008

EDITORIAL


A SILLY-SEASON DA APOSTA ALÉM-FRONTEIRAS



O estrangeiro continua a ser um destino de eleição para os dirigentes portugueses se refastelarem com um belo whisky, num hotel brasileiro, vendo as suas malas a encher com jogadores sem ponta de qualidade. Mas que, mesmo assim, continuam a chegar a Portugal. A aposta em atletas portugueses vem diminuindo, a pouco e pouco. Porquê?



O advento de uma nova época traz consigo, invariavelmente, um defeso agitado. O mercado de transferências de Verão abre as suas portas, religiosamente, a 1 de Julho de cada ano e os plantéis de vinte e quatro, vinte e cinco jogadores, começam a ganhar forma, esquema táctico e objectivos finais claros. Depois, junta-se a este rol de elementos a especulação.


Atletas dos mais variados pontos do planeta invadem primeiras páginas dos diários desportivos que saem para as bancas, com supostas transferências acertadas, contratos rubricados, passaporte e bilhete de avião numa mão e já a camisola do próximo clube na outra. No fim, metade deles acabam por rumar a outras paragens. Um paradigma que tem como protagonistas dirigentes, empresários e jornalistas. Lamenta-se o conluio com que muitas pseudo-aquisições são cozinhadas para especular sobre o valor do passe de um atleta, tentando subir esse mesmo valor para que o rival, deveras interessado na compra do atleta, se arrede da mesa de negociações. Esta situação acontece um pouco por todo o mundo do futebol.


Ainda assim, nem tudo no defeso de Verão, em Portugal, tem a ver com «cozinhados». As listas de reforços dos clubes nacionais engrossam em Junho, por transferência ou por mero contrato de empréstimo de uma época, listas essas em que vão prevalecendo os acordos além-fronteiras. O estrangeiro continua a ser um destino de eleição para os dirigentes portugueses se refastelarem com um belo whisky, num hotel brasileiro, vendo as suas malas a encher com jogadores sem ponta de qualidade. Mas que, mesmo assim, continuam a chegar a Portugal.


A aposta em atletas portugueses vem diminuindo, a pouco e pouco. Porquê? A qualidade de jogo nas divisões secundárias em Portugal será assim tão má que os clubes se vejam na obrigação de recorrer às divisões secundárias brasileiras para contratar jovens jogadores, em formação, para empréstimo a outros emblemas? Ainda assim, nem tudo no defeso de Verão, em Portugal, tem a ver com «cozinhados». Tem antes a ver com incompetência.


Aimar: apenas um parênteses. Cerca de um mês para assegurar o mago argentino, foi o tempo que levou Rui Costa para conseguir chegar ao capítulo final de mais uma novela de passes chorudos com empresários e chegadas gloriosas ao aeródromo de Tires à mistura. Luís Filipe Vieira disse, na RTP, que mais reforços se seguirão. A ver vamos se a demora será ainda mais prolongada para essas mesmas apresentações.


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