sábado, 20 de setembro de 2008

EDITORIAL


A VIL INCOMPETÊNCIA

DO

DIRIGISMO DESPORTIVO PORTUGUÊS



Depois, acontece que o campeonato pára três semanas. Duas delas reservadas a compromissos de selecções nacionais (nada contra); a outra porque pura e simplesmente foi decidido, nessas tais Assembleias-Gerais, que os clubes da Liga Sagres não deveriam entrar já na 2ª Eliminatória da Taça de Portugal. Ficou por evitar um hiato competitivo tão alargado. E escusado.




A questão da calendarização do futebol português e todos os problemas que da sua definição advêm não são de agora. Um problema anacrónico deste desporto, no nosso país, passa e sempre passou pela falta de comunicação entre os dirigentes desportivos e as entidades regentes do futebol ou, qui ça, pela inexistência de contactos de todo, numa actuação muito sui generis do dirigismo desportivo.

As Assembleias-Gerais que juntam à mesa Liga de Clubes, Federação Portuguesa de Futebol e demais clubes assumem-se como efemérides curiosas, nas épocas que vão passando. As discussões acesas entre presidentes sobre as situações mais banais e sobre quais dos interesses devem sobressair extravasam o domínio do razoável, colocando as questões mais determinantes para toda uma época desportiva (leia-se, por exemplo, calendários) para um segundo plano que raramente são decididas com a calma e ponderação que se exigem.

Depois, acontece que o campeonato pára três semanas. Duas delas reservadas a compromissos de selecções nacionais (nada contra); a outra porque pura e simplesmente foi decidido, nessas tais AG’s, que os clubes da Liga Sagres não deveriam entrar já na 2ª Eliminatória da Taça de Portugal. Ficou por evitar um hiato competitivo tão alargado. E escusado.

Os clubes protestaram contra a situação mal terminou a partida de Portugal frente à Dinamarca. Em entrevista à Rádio Renascença, dois presidentes – Paços de Ferreira e Rio Ave – afirmaram que as três semanas de paragem se repercutiram, de forma negativa, nas receitas de bilheteira. Um outro dirigente, desta feita do Trofense, colocou o dedo na ferida e apertou com toda a força: os calendários são decididos pelos clubes em Assembleia-Geral e esta época não foi excepção.

Paulo Bento foi o único treinador que se pronunciou sobre esta situação, na conferência de imprensa que antecedeu a partida da «Champions» na Catalunha, encarnando Pilatos e lavando daí as suas mãos. Disse Bento que se poderia ter evitado essa situação. Terá o treinador dos «leões» pedido essas mesmas explicações a Rogério de Brito, representante do Sporting na Liga de Clubes? Sim, porque para alguma coisa serve ter dirigentes na Direcção da LPFP: potenciar o futebol, decidir atempadamente e evitar questões tão óbvias como as despoletadas de forma infantil com a calendarização do futebol nacional.


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