sexta-feira, 26 de setembro de 2008

ESTA SEMANA, ESCREVO EU...




AFINAL QUEM MANDA?




Há uma nova moda no futebol mundial. Uma moda em que o jogador diz que quer sair... e sai!




GUILHERME BRAZ




Este verão foi pródigo em solicitações de transferências feitas pelos próprios jogadores. “Eu quero ir para o Real Madrid”, diz Cristiano Ronaldo. “No Tottenham não jogo mais”, diz Berbatov. “Quero sair”, diz Moutinho. Enfim, são imensos os casos de jogadores que, para facilitar a sua saída dos clubes, manifestam à comunicação social essa vontade. Porque o fazem? Porque sabem que vai ter eco a nível mundial, o que desperta os interesses dos outros clubes, ao mesmo tempo que causa mal-estar dentro do clube onde militam.

Vukcevic, o caso nacional mais recente, disse à antena 1 que vai sair em Dezembro. Quando questionado sobre se já tinha clube, respondeu que não, mas que até lá o arranjaria seguramente. Como pode ter tanta certeza? Pergunte-se ao empresário.

A verdade é que hoje, no selvagem mercado das transferências futebolísticas, não sabemos quem manda. Sabemos quem deveria mandar, os clubes detentores dos passes do seu plantel. Agora é diferente: o clube manda, o jogador manda, o empresário manda.

Mas é o próprio futebol e os seus mais altos responsáveis que fomentam esta “anarquia”. Quando o Sr.Blatter vem falar nos jogadores de futebol como o maior exemplo da “escravatura moderna”, temos realmente de repensar no conceito de escravatura. Escravatura é o trabalho não remunerado ( os jogadores ganham milhares, ou até milhões num mês!), trabalho esse realizado sem qualquer tipo de condições laborais ( as dos jogadores de futebol são sensacionais). Sem me querer alongar muito mais, o que é certo é que os jogadores ganham muito mais e vêem os contratos revistos mais vezes do que um cidadão comum.

Então porquê estas súbitas vontades de sair dos jogadores? Como é que, por exemplo, o Cristiano Ronaldo decide dizer que o seu sonho é jogar no Real Madrid? Se o é, porque renovou o contrato com o Manchester United poucos meses antes de o dizer? Algo não está certo.

É preciso inverter esta tendência anárquica nas transferências futebolísticas. Que o “amor à camisola” praticamente não existe, entristece-me, mas ainda entendo, são as leis da vida e do mercado. Agora isto já é demais...




2 comentários:

Tommy_Gun disse...

lEsta onda de jogadores a forçarem de todas as formas e feitios a saída dos clubes ameaça tornar-se incontrolável. Mas sinceramente, nada que me surpreenda num futebol cada vez mais desprovido de príncipios e controlado por interesses de agentes (talvez os maiores culpados desta moda).

Chega a ser nojenta a forma como jogadores, atraídos por promessas de maiores salários (e ás vezes não tão maiores quanto isso), esquecem depressa os clubes onde se fizeram jogadores,onde conquistaram a admiração dos adeptos do futebol, e armam todo um circo mediático á sua volta para forçar transferências.

Isto porque, e vamos sempre parar a isto: ninguém os obriga a assinar contratos! Sujeitam-se ás suas condições porque QUISERAM.

Blatter, se tivesse ainda um pingo de dignidade (algo muito pouco visto no futebol), depois de ter comparado a situação dos futebolistas á escravatura, teria que se demitir logo. Senão vejamos:

- Futebolistas não trabalham de sol a sol, sem qualquer tipo de remuneração
- Futebolistas não levam chicotadas se causarem insatisfção nos seus patrões
- Futebolistas não vivem acorrentados numa sanzala, sem liberdades de qualquer espécie

Então,onde está a escravatura? Um verdadeiro atentado á inteligência mundial de alguém com responsablidades estas...

Há várias causas para este problema, desde os agentes(parte interessada na transferência de jogadores, manipulando-os para as conseguir), até á própria comunicação social, pelo endeusamento excessivo dos jogadores, ás vezes sem terem provado nada.

Muita coisa tem que ser mudada para este fenómeno estabilizar. Mas não confio muito que isto aconteça...

Excelente texto bro;)

Anónimo disse...

Estou inteiramente de acordo contigo, Guilherme.
Antigamente é que os jogadores se podiam considerar como "escravos" pois estavam presos aos seus clubes mesmo quando os contratos acabavam. Era a chamada "Lei da Opção".
Hoje em dia passou-se do "oito" para o "oitenta" e os principais responsáveis são os empresários que aliciam os seus jogadores para mudarem de clube, apenas para poderem ganhar mais uns milhões em comissões.E para atingir os seus fins, não olham a meios, muitas vezes desrespeitando contratos, para cuja assinatura eles trabalharam e contribuiram. Para isso recorrem a vários estratagemas, um dos quais é pressionarem os Clubes para melhorarem os contratos dos seus jogadores ou em alternativa os venderem para outro Clube. O certo é que normalmente isto resulta pois os clubes são actualmente reféns, quer dos jogadores,quer dos seus empresários.