sábado, 18 de outubro de 2008

EDITORIAL


RESPONDER OU NÃO RESPONDER



É complicado elaborar um editorial em que tomamos uma posição clara quanto a um assunto tão melindroso como este. Como vem sendo política deste projecto, mais uma vez optamos por não fugir à regra: criticamos a falta do direito ao contraditório na notícia do jornal A BOLA mas também estranhamos uma ausência de reacção da Direcção «axadrezada» a tais acusações.




Os princípios académicos que nos tentam incutir no tocante à maneira como elaborar um editorial assentam na ideia de que um texto desta natureza deve cumprir, em linhas gerais, duas funções: ser informativo e esclarecedor assim como reflectir uma posição tomada por um órgão de comunicação social sobre este ou aquele tema.

Esta semana: primeiro informamos e esclarecemos; depois, tomamos posição.

Foi uma semana agitada, aquela porque passou o Boavista. O Bessa esteve sob fogo cruzado, por força de uma notícia publicada no passado domingo pelo jornal A BOLA na qual se afirmava que a Direcção boavisteira havia pago duas deslocações da claque «Panteras Negras» ao Algarve para acompanhar a equipa «axadrezada» a Olhão e Portimão, no valor de 1500 Euros. Uma fonte que preferiu manter o anonimato, mas que faz parte dos quadros administrativos do Boavista, deu a informação a um profissional do já citado diário desportivo, adiantando ainda que muitos funcionários estariam com alguns meses de salários em atraso. A mesma fonte mostrou-se indignada pelo facto de a Direcção encabeçada por Álvaro Braga Júnior ter, supostamente, pago a tal deslocação dos elementos da claque e os salários estarem ainda por saldar. O jornalista que assina a peça, no entanto, não cumpriu uma regra deontológica básica do sector: o direito ao contraditório junto dos visados pela notícia. A Direcção do Boavista, por seu turno, optou por não reagir nem publicar um comunicado oficial no seu sítio na Internet para refutar as acusações lançadas na praça pública.

No início desta semana, a redacção da Gazeta do Futebol decidiu investigar um pouco mais a estória. Os contactos desenvolvidos pela nossa equipa incluíram o Departamento de Comunicação do Boavista, Álvaro Braga Júnior, Presidente da Direcção, assim como o líder dos «Panteras Negras». A versão apresentada por todas as partes desmente o teor da notícia. Mais: confirmam-nos que as relações com o jornal A BOLA estão cortadas.

É complicado elaborar um editorial em que tomamos uma posição clara quanto a um assunto tão melindroso como este. Como vem sendo política deste projecto, mais uma vez optamos por não fugir à regra: criticamos a falta do direito ao contraditório na notícia do jornal A BOLA mas também estranhamos uma ausência de reacção da Direcção «axadrezada» a tais acusações.

Este foi um tema que agitou em demasia as águas que passam por um Bessa já de si turbulento. Curiosamente, pouco ou nada foi repercutido nos media nacionais acerca deste assunto.

A fechar, um recado: entendam-se, meus senhores.




1 comentário:

Tommy_Gun disse...

É bastante triste ver como um jornal com o prestígio de "A Bola" tem caído no declínio nos últimos anos em termos éticos, e não é caso único no jornalismo português. Hoje em dia, parece que o que importa é lançar a polémica para que isso se reflicta na venda de exemplares, sem o cuidado de verificar aquilo que se está a escrever, ouvindo todas as partes envolvidas. E, pior que tudo, não dando aos visados a oportunidade de resposta. Seguir comportamentos destes pode causar danos irreparáveis na vida de pessoas e instituições, mesmo que depois se venha a provar que a história era mentira. Porque os desmentidos nunca vêm na primeira página, em grande destaque!

Não sou jornalista, mas sei que há determinados príncipios que fazem parte de um código de conduta dessa actividade.E não se percebe como jornais como este abdicam de os seguir. Mas parece que hoje em dia tudo vale. E neste caso, nem o lucro é um argumento válido...

Mas é bom ver que os futuros jornalistas como voçês não abdicam deles, e optam por seguir a via correcta para esclarecer assuntos tão melindrosos como este, investigando a fundo. Continuem assim, porque são voçês que podem mudar o rumo do jornalismo em Portugal;)