sábado, 1 de novembro de 2008

EDITORIAL


A CRISE (TAMBÉM) JÁ

CHEGOU AO «DRAGÃO» ?



Quando noutras ocasiões nos sentíamos todos na obrigação de elogiar o grande momento em que os «dragões» se encontravam, temos, agora, que dar a outra face. A última semana não foi nada bonita.




É indiscutível considerar-se que o F.C. Porto sob a égide de Jesualdo Ferreira é a melhor equipa portuguesa das duas últimas épocas. Pelos dois campeonatos conquistados, mas também pelo nível exibicional que ostentou durante largos períodos de extrema regularidade. Com isso, amealhou vitórias importantes para se ir distanciando dos seus mais directos competidores – Sporting e S.L. Benfica – e demonstrou, dessa forma, toda a superioridade de uma estrutura forte e coesa.

Pois. Mas a crise chega a todos. E porque a crise chega a todos, também o F.C. Porto se começa a ressentir. Não falamos de crise financeira, como é óbvio. Antes desportiva.

Quando noutras ocasiões nos sentíamos todos na obrigação de elogiar o grande momento em que os «dragões» se encontravam, temos, agora, que dar a outra face. A última semana não foi nada bonita. Por entre uma má exibição e uma derrota frente a um Leixões que soube muito bem como ultrapassar um «11» mal elaborado por Jesualdo, as cenas tristes que redundaram nos insultos a jogadores e apedrejamentos a viaturas dos mesmos, e a evidente falta de fair-play de muitas pessoas ligadas à estrutura «azul-e-branca», os últimos dias foram negros para os lados do Olival.

A decepcionante exibição na recepção ao Leixões traduz somente – e é preciso que os adeptos percebam isto, de vez – a perda de três pontos na tabela. Claro, a entrega de alguns jogadores deixou a desejar. Mas não é, certamente, com recurso a insultos e pedras arremessadas que a situação se inverterá. Esses mesmos adeptos revelaram uma total falta de respeito para com a vida dos jogadores e, até mesmo, dos seus familiares. Não havia necessidade.

Contudo, o progressivo enclausuramento do clube também não ajuda a tornear algumas areias movediças que continuam a fazer tropeçar muitas pessoas. Questionar-se-á porque só ontem, sexta-feira, um alto administrador da SAD portista se dignou a quebrar o silêncio, deixando a “batata quente” nas mãos do treinador da equipa principal durante toda a semana. Expôs-se demasiadamente Jesualdo e isso pode trazer consequências nefastas no futuro. Até mesmo no seio da equipa.

Certo é que os lenços brancos já se vislumbraram nas bancadas do Dragão no passado sábado. Pede-se mais comedimento a adeptos que, podendo expressar a sua opinião, não ultrapassem o limite do razoável. E pede-se à F.C. Porto, SAD mais abertura e mais incisão na hora de admitir os erros. Tal como acontece na hora de reconhecer as vitórias.




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