sexta-feira, 28 de novembro de 2008

ESTA SEMANA, ESCREVO EU...


O PEQUENO GRANDE






Assim se tem construído esta história portuguesa. Os protagonistas? Para além do já referido treinador, José Mota, a formação de Matosinhos conta com um grupo com uma das maiores percentagens de jogadores nacionais, incluindo o médio Braga. Uma aposta deste clube, se pensarmos que ainda não há muito tempo o foi buscar ao Leça F.C., clube que milita na 3ª Divisão.




ANDRÉ MATOS LEITE





Toda a gente conhece a lenda do Robin dos Bosques. Toda a gente já ouviu falar do João Pequeno, companheiro do herói inglês nas suas aventuras. Apesar do nome Pequeno, esta personagem era descrito como um homem alto e forte, capaz de derrotar qualquer soldado do rei tirano. Temos, em Portugal, um exemplo parecido com esta figura. Não numa pessoa individual, mas num colectivo do mundo do futebol, num clube que é, actualmente, contra todas as previsões do início do campeonato, o líder da Liga Sagres.

O pequeno Leixões começou de forma muito modesta a temporada 2008/2009. Uma derrota por 3-1 frente ao Nacional da Madeira prometia pouco deste clube de Matosinhos. Mas a “força do mar”, o sentido de equipa e os ensinamentos do «mister» José Mota carregaram este conjunto para oito jogos sem perder, a maioria dos quais com vitórias. Entre as mais notáveis exibições, incluem-se uma vitória, em casa dos “dragões”, por 3-2 e um triunfo, em Alvalade, por 1-0. Contra o último dos “três grandes” (curiosamente no primeiro embate com estes três emblemas), um empate caseiro frente ao Benfica. Nada mal para um clube que, se dizia, era candidato à descida de divisão.

Assim se tem construído esta história portuguesa. Os protagonistas? Para além do já referido treinador, José Mota, a formação de Matosinhos conta com um grupo com uma das maiores percentagens de jogadores nacionais, incluindo o médio Braga. Uma aposta deste clube, se pensarmos que ainda não há muito tempo o foi buscar ao Leça F.C., clube que milita na 3ª Divisão. Aliás, boa parte das contratações desta época são provenientes das divisões inferiores (Liga Vitalis até à 3ª Divisão). Uma prova de que em Portugal temos muito mais qualidade do que pensam os habituais candidatos ao título nacional. Ah, sim! Uma pequena nota quase esquecida: o orçamento do clube do Mar ronda uns modestos 2 milhões, muito menos do que os 20 milhões anuais dos “encarnados”.

Moral da história: para se ser o primeiro é preciso o quê? Não muito! Bom olho para encontrar qualidade em Portugal, espírito de equipa e de sacrifício, um treinador que sabe orientar os seus pupilos bem, sabe como motivá-los a fazer mais do que os seus colegas de profissão bem melhor pagos e, às vezes esquecido mas não menos importante, uma massa associativa de carácter, uma massa associativa que nunca esquece o clube nos bons ou nos maus momentos, uma massa associativa daquelas que pensamos só existir em Inglaterra e que, mesmo quando não pode ir ao estádio, só apetece ganhar para lhes dar mais uma alegria.

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