sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

ESTA SEMANA, ESCREVO EU...




OS TOMBA-GIGANTES


Os tomba-gigantes são as melhores equipas do país porque nos relembram do mais importante do futebol. Não são os mais ricos que, necessariamente, são os melhores. Não é apenas na Primeira Liga que estão os candidatos a vencer a Taça de Portugal.




ANDRÉ MATOS LEITE




Esta semana tivemos Taça de Portugal. Muitas vezes olhamos para esta competição como o "patinho feio" do nosso país. Pelo menos eu e muitas das pessoas com que falo sobre futebol temos tendência a desvalorizar aquela que é, na realidade, a mais maravilhosa das competições portuguesas no desporto-rei.

Esta temporada foi uma agradável surpresa ver o Atlético de Valdevez. Uma humilde equipa da II Divisão B conseguiu chegar aos quartos-de-final da Taça, tendo derrotado, para conseguir tal feito, nada menos que quatro emblemas da Liga Vitalis, incluindo os três primeiros classificados e, portanto, os três principais candidatos a subir à Liga Portuguesa, principal escalão do futebol nacional.

Quem se esqueceu da magnífica campanha de uma outra equipa, actualmente da Primeira Liga e antiga líder do campeonato, mas que na época 2001/2002 militava, também, na II Divisão B e que conseguiu o notável feito de chegar à final com o Sporting? Já então foi uma febre por todo o país assistir aos jogos para a Taça de Portugal do Leixões. Foi algo que nos relembrou de uma coisa importantíssima, algo que temos tendência a muito esquecer…

Os tomba-gigantes são as melhores equipas do país porque nos relembram do mais importante do futebol. Não são os mais ricos que, necessariamente, são os melhores. Não é apenas na Primeira Liga que estão os candidatos a vencer a Taça de Portugal. Qualquer equipa, com o seu esforço, o seu suor e a sua paixão pelo jogo, tem hipóteses de chegar ao fim com o troféu na mão. Mais ainda e com importância ainda maior, relembra-nos que não só nos três grandes há grande qualidade a nível de jogadores. Em todas as divisões, em todos os clubes, há e haverá sempre jogadores cheios de qualidade à espera de serem chamados aos principais palcos portugueses e europeus, à espera de uma oportunidade para brilhar e de se mostrarem ao mundo como jogadores cheios de potencial que teriam ficado perdidos se ninguém lhes tivesse dado uma hipótese… ou se eles não tivessem colocado de lado todos os medos e todas “verdades” do costume e lutado para chegar até à vitória final. Ontem, quando defrontou o Nacional, o Valdevez foi eliminado da Taça. O sonho terminou. Contudo, a força e paixão demonstrada por aqueles atletas permanecerá por anos a fio. Tudo porque mostraram que até uma humilde equipa da II Divisão B pode obrigar um poderoso emblema da Primeira Liga a bater-se nos penaltys após ter visto a sua hipótese de triunfar gorada nos 90 minutos regulamentares e no prolongamento…

A fechar, afasto-me um pouco do tema. Neste que será, provavelmente, o meu último comentário neste projecto que tanta alegria trouxe a uma mão cheia de badamecos do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto… temos sido, também nós, os outsiders de Portugal. Cinco alunos, cinco jovens com amor incondicional por este grandioso desporto e um espírito de amizade como pouco se vê já no mundo, tornaram-se nos tomba-gigantes do jornalismo desportivo. Bem, talvez não tomba-gigantes no verdadeiro sentido da expressão. O que é certo, no entanto, é que podemos fechar esta semana, mas conseguimos sentir que fizemos um bom trabalho. A todos os que nos acompanharam todo este tempo, a todos os que só nos acompanharam no início, no fim ou pelo meio da Gazeta do Futebol e também, porque não, a todos os que nunca souberam ou quiseram saber de todo o trabalho que desenvolvemos, deixo esta mensagem: se os tomba-gigantes, os pequenos que conseguem provar ser grandes, existem no futebol, não deixam de ser uma analogia para a realidade de todas as áreas do mundo. Nós provámo-lo e espero que por todo o mundo sigam o nosso exemplo. Na vida, tal como no futebol, não são necessariamente os ricos que triunfam. Qualquer um com o seu trabalho e o seu suor pode chegar ao topo, com paixão e esforço tudo se consegue. Mas se não conseguirmos chegar mesmo ao topo da montanha, pelo menos damos umas gargalhadas pelo caminho, levantamo-nos e sabemos que basta o nosso desejo para voltarmos a tentar a escalada “impossível” outra vez.



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