sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

O MÊS EM REVISTA




CHICOS-ESPERTOS




"Chicos-Espertos". Há-os em todos os quadrantes, político, social e desportivo e tentam viver como podem, arranjando sempre artimanhas para chegar ao seu, deles, objectivo.




BERNARDINO BARROS

Comentador da Rádio Renascença



Na nossa caminhada pela vida vamos encontrando, e até a maior parte das vezes, tropeçando nos denominados “chicos-espertos”, que mais não são que uns cromos, que se julgam mais espertos que os demais, e tentam ultrapassar todas as regras instituídas para contornar as dificuldades que se lhes deparam. Há-os em todos os quadrantes, político, social e desportivo e tentam viver como podem, arranjando sempre artimanhas para chegar ao seu, deles, objectivo.


A nível desportivo e perante o beneplácito das mais diversas autoridades deparamos, nestes últimos dias do ano findo, com algumas “chico-espertices”. A primeira, com o pai Veloso a atirar-se como gato a bofe, ao treinador Paulo Bento, pela infâmia de colocar o filho Veloso a jogar a defesa-esquerdo. Vamos lá entender isto. Então quem manda na equipa não é o treinador? Bem ou mal deveria ser. Se o fizer bem, melhor para todos, se o fizer mal, lá estarão os dirigentes para tomarem as medidas necessárias perante o fracasso. O que mais me admira é a desfaçatez com que o Veloso pai, que foi um excelente jogador e polivalente por sinal, vir “tirar dores” pelo Veloso filho, que deveria corresponder em campo ao que são as exigências de uma profissão em que é principescamente pago, e onde o rendimento não tem sido o mais adequado. Problema das passagens de modelos ou não, o certo é que lá diz a experiência que os filhos são todos bonitos para os pais. A “feiura” está sempre nos outros.


Outro soberano exemplo de “chico-espertice” está na medida tomada pelo Conselho de Disciplina da Federação de Futebol, o novo, não o outro que caiu do pedestal, que resolveu ter dois pesos e duas medidas para o mesmo problema. Rui Dias, árbitro de Bragança, e Ivan Vigário, árbitro do Porto, viram-se envolvidos em situações semelhantes. Ambos se esqueceram de escrever no relatório de jogo, a oferta em ouro com que tinham sido brindados nos jogos que arbitraram. Foram castigados com pena de suspensão, mas o CD da FPF resolveu anular a do árbitro Ivan Vigário e manter o castigo a Rui Dias. Alguém percebe porquê? Será que umas associações têm mais peso que outras, ou para quem está para lá do Marão, não tem razão? Assim parece, porque continua ainda por resolver o caso do árbitro de primeira categoria e vila-realense Rui Silva. Caso para dizer que nem tudo que reluz é ouro, pelo menos nas margens do Douro.


Por último, mas ainda mais grave, a sem-vergonha – aqui já não chamo “chico-espertice” porque o caso nem qualificação tem. O Estrela da Amadora deve salários aos seus profissionais de futebol. Conseguiu evitar duas greves, que teriam consequências gravosas para o clube, graças ao bom senso dos jogadores, primeiro, e depois graças à intervenção do Sindicato dos Jogadores, que conseguiu arranjar no seu fundo de reserva, que ficou no fundo, dinheiro para pagar dois meses, que serviu para minorar os prejuízos dos exemplares profissionais “estrelistas”. Agora que vai abrir a época de novas inscrições, o primeiro clube a anunciar contratações é precisamente o clube da Amadora, com dois brasileiros jovens a serem inscritos pelos juniores, mas com possibilidade de jogarem pelos…seniores. Isto é fazer batota, perante o beneplácito das instâncias responsáveis, Liga e Federação, que deveriam dizer basta e negar a hipótese de novas inscrições a quem tem salários em atraso. Um dos novos jogadores chama-se Careca, mas não tem nada a ver com os cheques que a Direcção do Estrela tem andado a passar, que, esses sim, são verdadeiramente carecas.


Para falar em “chicos-espertos”, lembrei-me agora de um que proclama honestidade e transparência no futebol, mas que afirmou que gostaria de entregar o troféu de campeão europeu à Juventus. Este “Chico-esperto” é só… o presidente da UEFA.


Temos que os aturar… e temos que viver com eles. Arre burro…



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