terça-feira, 7 de abril de 2009

A (des) ilusão de Quique

Por: Duarte Monteiro
dmonteiro@ogolo.net

O campeonato 2008/2009 caminha a passos largos para o final e numa qualquer oficina de costura na baixa portuense já carbonizam as máquinas que vão fabricar as faixas do “tetra” para o FC Porto.

É não é só uma normalidade mas igualmente um lugar comum no futebol português. “FC Porto campeão”, mais uma vez. E isto, quando a temporada até começou com “ilusões” megalómanas bem mais a sul, dos dois lados da segunda circular.

O Sporting, com a sua equipa de continuidade e o seu treinador de sempre, aposta indestrutível de um presidente derrotado, nas suas próprias palavras, chega à meta com o sonho do título na mente, mas pouco real. Uma Taça da Liga perdida em contornos bem “nacionais” e uma história europeia ambígua.

Mas do Sporting se poderá falar noutra altura, porque este texto pretende versar sobre a história de “fadas” no universo encarnado, a “ilusão” de um espanhol que chegou à Luz envolto numa esfera de euforia, aposta na modernidade personificada na figura de Rui Costa.

Com quase duas décadas de sofreguidão e momentos raros de felicidade, a imensa nação benfiquista renovava os votos de esperança, espelhando-a no rosto do novo “homem do leme” da nau encarnada.

E cedo Quique Sánchez Flores começou a fazer o que melhor saber. Vender sonhos e “ilusões”, porventura assentes na sua enorme capacidade de charme e elegância que a todos imbuiu num espírito de mistificação. Quique estava cá, e trazia o sonho de “iludir” os adeptos, num discurso tão bem articulado como falso.

A tudo isto, Rui Costa e Luís Filipe Vieira juntaram um plantel rico e pesado em nomes, pouco normais para a realidade do futebol lusitano. Reyes, Aimar e Suazo apareciam na linha da frente de uma armada que tinha, e tem, ainda outros nomes sonantes.

Pois bem. Os jogos, os meses e as jornadas foram passando e as desculpas, porventura até correctas, no início, foram servindo para “calar” a crescente desilusão que se instalava.

Enquanto a norte, um tradicional FC Porto triturador ia sendo raridade, caindo aqui e acolá em desgraça, mais a sul, a “fábrica de sonhos” do mestre Quique ia produzindo cada vez menos… ilusões.

À eliminação na Taça de Portugal, relativamente precoce para um clube da dimensão do Benfica, e a uma prestação europeia ao nível de uma qualquer equipa medíocre da Liga do Uzbequistão, o Benfica foi somando exibições enfadonhas que foram evoluindo até atingir o limiar da dor humana.

E é aqui que se deve declarar o fracasso redondo e inquestionável de Quique Flores. Que não conquistasse o título na sua primeira época no Estádio da Luz era um dado (quase) garantido.

Que até venceu um troféu, importante para uns e secundário para outros, é uma certeza positiva num clube que tem “penado” por conquistas.

Agora, o processo natural de uma evolução pressupõe precisamente isso: evolução. E o que se viu, e tem visto no Benfica, é um retrocesso acelerado e alarmante nos processos e rotinas de jogo, na tentativa de criar algo que um dia se assemelhe a uma equipa de futebol.

A isto, acrescenta-se um lote de jogadores fora do seu “habitat” natural e um desconhecimento, diria, completo da maioria das equipas do nosso campeonato, e temos espremido o trabalho do ilusionista espanhol: Um desastre futebolístico em, quase, toda a linha.

A equipa do Benfica é hoje uma soma de onze jogadores, desconectados e desligados entre si, a jogar, muitos deles, em posições novas e inventadas pelo espanhol, incapazes de produzir, uma vez que seja, qualquer lance de futebol combinado.

O que se viu na Amadora foi a prova última e cabal de tudo isto. E sem medo de exagerar nas palavras ou de tocar em pontos sensíveis, digo com franqueza: O Benfica de hoje não tem equipa de futebol. Equipa, essa tinha Fernando Santos e foi “corrido”, porque talvez não sabia vender “sonhos”, apenas o tinha, no seu coração benfiquista.

E por cá se sabe que, na Luz, e por detrás das portas de aço, possa haver quem suspire pelas ideias do engenheiro…

2 comentários:

Pedro Rocha disse...

Não poderia concordar mais... Não sou benfiquista por isso estou à vontade para falar da equipa. Desde o início que desconfiei do Quique. O técnico espanhol nunca teve, nem criou, um onze base, uma estrutura; Para mais, como jovem treinador devia perceber que, hoje em dia, treinar é motivar e unir as tropas. Pois é só que o homem já criticou publicamente 3/4 jogadores o que não lhe fica nada bem!A questão da baliza está como está - quem comete um erro vai po banco!Sídney de compra da temporada passa a flop em 2 jogos, Jorge Ribeiro encosta quase de surpresa, Carlos Martins pouco joga, Suazo já foi embora e não deixa saudades, Aimar parece estar sempre no sítio errado, Balboa não aparece, Mantorras é um eterno problema - e mais algumas coisas que poderia enumerar. Rui Costa e toda a estrutura encarnada têm de repensar bem a próxima temporada!!

Anónimo disse...

Quique.... ¿mourinhista?