domingo, 27 de janeiro de 2008

REPORTAGEM GAZETA DO FUTEBOL


VIT. GUIMARÃES 1 - 3 S.L. BENFICA



DO SONHO À REALIDADE? SOMENTE 90 MINUTOS.





JOSÉ PEDRO PINTO



Nunca a palavra “emoção” se adequou tanto a um evento como à partida de ontem. Guimarães vestiu o fato de gala para receber o 2º classificado da tabela, sabendo que o «seu» Vitória poderia saltar por cima do adversário e sonhar mais além com a «Champions» e decidiu traduzir em cânticos, berros sentidos e incentivos constantes a paixão que continua a sentir pelo futebol da sua equipa.


Isso, cedo se viu. Faltava pouco mais de uma hora para começar o encontro. A camioneta que transportava a equipa do S.L.Benfica desferiu a curva da rotunda e entrou na zona de acesso restrito do Estádio D. Afonso Henriques. No caminho, ouviu de tudo, foi vaiada e ainda teve que escutar as centenas de vimaranenses que à porta do estádio se encontravam: “Vitória, allez! Vitória, allez!”. Uma hora para começar o encontro: a primeira apoteose da noite, com a chegada da comitiva vitoriana. Palmas, gritos de apoio, algo que parecia música para os ouvidos dos jogadores e treinadores da casa.


Nunca a expressão “factor casa” se adequou tanto a um jogo de futebol como à partida de ontem. 20.000 vimaranenses preencheram o D. Afonso Henriques com a sua presença, mas trouxeram ainda consigo cachecóis, bandeiras, tarjas, coreografias já alinhavadas, músicas já na cabeça prontas a sair pela boca fora. Os adeptos do S.L. Benfica ficaram alojados no Topo Norte e eram cerca de 5.000: também eles fizeram a sua festa, a festa do visitante que pode sempre almejar um bom resultado, e também eles quiseram erguer a voz e dar o devido incentivo aos seus pupilos.


A entrada das equipas em campo, acompanhada de uma autêntica ode triunfal, deixava no ar o verdadeiro propósito deste V. Guimarães – S.L. Benfica. A Liga dos Campeões estava no horizonte das duas equipas; faltava que uma delas conquistasse os 3 pontos para mais perto dela ficar. O ambiente acompanhava o objectivo das duas formações: frenético, capaz de influenciar o observador mais isento e imparcial que existe, e explosivo, pois apenas um pequeno choque poderia acender o rastilho e incendiar tudo à sua volta.


7’: golo do S.L. Benfica, por Cardozo, de livre directo. Rastilho aceso. “Aquilo não era falta!”, lá iam gritando os adeptos do Vitória, metendo, pelo meio, alguns impropérios contra o árbitro João Ferreira. Do lado dos «encarnados», os festejos foram audíveis em todo o recinto, assim como visíveis foram os efeitos, com dois very-lights atirados para o relvado.


O apoio continuava, directamente das bancadas; faltava o discernimento e a calma necessária para a equipa de Cajuda corresponder às expectativas. O nervosismo levou a um corropio de bolas perdidas e passes falhados… e ao 2º golo do adversário. Maxi Pereira gelou e calou os até então vibrantes aficionados da casa.


Na 2ª Metade, o desalento deu lugar à esperança. Cajuda arriscou, mandou avançar a equipa contra um SLB que pouco – ou nada – atacou, e a equipa começou a entrar nos trilhos, de novo. Consequência directa? Nova vaga de apoio vimaranense, pois claro. As jogadas do VSC começavam com um «bruá» magnífico, que enchia o estádio, passava-se por um silêncio ensurdecedor quando Ghilas entrava, a todo o gás, pela área dentro, e desesperavam os adeptos, saltando das cadeiras, com uma bola lançada à rede lateral.


Faltava o golo que acenderia um novo rastilho na partida: Ghilas, o «eterno substituto que decide jogos a mais para estar sentado no banco» levou ao delírio os seus sócios, reduzindo para 1-2. A esperança regressara, em peso, e já se imaginava o quanto iria o adversário sofrer para conseguir escapar à tormenta. Não muito. Camacho dispôs as peças em campo com mestria (a única que conseguiu durante todo o jogo) e soube conter o avanço galopante do adversário. Os vitorianos acalmaram, conformaram-se por ver a sua equipa incapaz de conseguir o golo do empate e despediram-se da partida com um erro do seu guarda-redes que possibilitou a Cardozo fechar a contagem em 3-1.


O Vitória entrou em campo na perseguição de um sonho. Passados 90’, o sonho do plantel dirigido por Cajuda passa a ser outro. 5 pontos de desvantagem para o S.L. Benfica nada decidem, mas obrigam a uma boa campanha no resto da 2ª Volta para que o sonho volte a estar mais perto da realidade. Os jogadores do Vitória saíram de campo de cabeças baixas, mas com o ego em alta: as palmas dos adeptos e os cânticos das claques acompanharam-nos até à entrada do túnel.



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