sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

ESTA SEMANA, ESCREVO EU...


O DOMÍNIO DO NORTE



Mas no meio disto tudo, qual é a principal preocupação dos dirigentes de “águias” e “leões”? Pois claro que não é o futebol praticado pelos seus clubes! Afinal não é isso que dá campeonatos! É ter o melhor cartão de sócio do mundo, ou ser o que tem sempre o que dizer quando mais uma notícia sobre a corrupção desportiva surge nos nossos jornais.



ANDRÉ MATOS LEITE



Durante muito tempo, na história do futebol português, Lisboa cantava ano após ano perante a impotência do Norte. Benfica e Sporting distribuíam entre si a maioria dos troféus das diversas épocas. O Benfica foi mesmo o primeiro clube português a conquistar a Taça do Campeões Europeus (actual Liga dos Campeões). O Sporting, com menos sorte fora de portas, mas sempre uma força no nosso país, conquistou o primeiro tetra-campeonato da Primeira Divisão. Eram tempos áureos dos grandes da capital. Tempos em que aquele “clubezito” do Norte tinha que se esfalfar para conseguir qualquer migalha deixada pelo Sul…

Anos passaram e algo se passou. O velho “leão” caiu. De repente, a imponência verde e branca foi sendo substituída pela chama de um rejuvenescido “dragão”. Das Antas soprou um novo vento que colocou, verdadeiramente, o Norte desportivo no mapa. O Porto começou a ser o principal opositor da “águia”, trocaram-se vitórias e “tris” e Taças de Portugal. A “maré azul” recuperava terreno muito lentamente. Mas o “Inferno encarnado” mantinha a sua forte supremacia. Ao contrário do que tudo havia feito acreditar, seria o Norte a relembrar à Europa quem, em Portugal, podia roubar títulos europeus aos grandes de Espanha, Inglaterra, Itália e Alemanha… não seria Alvalade, mas as Antas.

Hoje a situação é completamente contrária à que há tantos anos se viveu. O futebol português é dominado por uma só força… A força do Norte, a força do “Dragão”. Nos últimos anos são Benfica e Sporting que lutam pelas migalhas que o Porto lança aos seus rivais. No entanto, esta época vive-se a menos empolgante luta de que tenho memória. Mesmo com os azuis e brancos a mostrarem-se fortes tinham por hábito cair algumas vezes. Os grandes de Lisboa, por outro lado, tinham menos tendência para tropeçar pelo caminho. Esta temporada, Benfica e Sporting mostram que não merecem o estatuto de grandes.

O Porto leva um confortável avanço para o segundo classificado, o Benfica, clube que sempre se espera seja a principal ameaça a mais um título do clube da Invicta. Doze pontos separam as duas equipas. Do Sporting não há muito a dizer. É neste momento quarto na tabela classificativa após ter perdido a terceira posição para o Vitória de Guimarães. Exibições fracas, algumas mesmo vergonhosas, são as que têm sido conseguidas pelos grandes de Lisboa. Em contrapartida, os “dragões” voam mais alto que todos e, mesmo quando as suas exibições não são as melhores, conseguem manter uma chama que lhes permite levar de vencida os adversários.

Mas no meio disto tudo, qual é a principal preocupação dos dirigentes de “águias” e “leões”? Pois claro que não é o futebol praticado pelos seus clubes! Afinal não é isso que dá campeonatos! É ter o melhor cartão de sócio do mundo, ou ser o que tem sempre o que dizer quando mais uma notícia sobre a corrupção desportiva surge nos nossos jornais. E enquanto isso se mantiver, este cenário negro para a emoção do principal escalão do futebol nacional não vai mudar. Vamos continuar a ver campeão, ainda a meio do campeonato, o suspeito do costume, e não a luta renhida pelo primeiro lugar que tanta paixão pelo desporto-rei desperta… pelo menos quando acontece.


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