domingo, 20 de abril de 2008

CRÓNICA GAZETA DO FUTEBOL

F.C. PORTO 2-0 S.L. BENFICA





ALGUÉM PEDIU UM CAMPEÃO EFICAZ?




JOSÉ PEDRO PINTO





«Surpresa» é uma palavra que encaixa bem no desenlace final deste clássico, pela simples razão de que… não a houve. Não se pode ficar surpreendido por mais uma vitória justa e convincente do campeão; não se pode ficar surpreendido pelo ritmo baixo que a partida assumiu, a espaços; não se pode ficar surpreendido por mais uma fraca exibição de uma águia cada vez mais ferida no seu orgulho. E, sobretudo, não se pode ficar surpreendido com mais um «bis» de Lisandro López. E vão 24 tentos para o «Licha» do Dragão. Desta forma se escreveu mais um clássico entre F.C. Porto e S.L. Benfica, com os campeões a voltarem a demonstrar o porquê de um título há muito anunciado, e os «encarnados» a revelarem cada vez mais toda uma época desastrosamente preparada.


SOB CONTROLO. F.C. Porto e S.L. Benfica entraram em campo levando consigo a sua própria imagem da época: os azuis-e-brancos com uma reputação notável de uma época plena de regularidade e ataque concretizado; os lisboetas com um semblante fraco, débil e pouco convincente. E não é que ambas as formações cumpriram o seu papel? A um SLB que, nos primeiros instantes e assente no habitual 4x4x2 em losango, ainda teve vontade de discutir olhos nos olhos toda a partida com o adversário, o FCP respondeu com eficácia. A rapidez e instantaneidade de um 4x3x3 alinhavado por Jesualdo estava no "ponto-rebuçado" logo aos 6’, quando Lisandro fez explodir o Dragão. Rebobinamos a cassete e vemos que o avançado argentino teve toda a liberdade que quis para correr, em frente à grande-área, e desferir um remate forte e rasteiro para o fundo das redes de Quim. Estava feito o primeiro estrago e mais poderia ter sido feito ainda nesta 1ª Parte: os «azuis» pressionavam alto perante uns «encarnados» que não conseguiam ter posse de bola e apostavam em jogar pelo meio – mesmo onde o FCP controlava, bem fechado no seu último terço – perdendo muitas jogadas de ataque. De resto, nada funcionava na linha média de um SLB mais agressivo do que construtivo e desequilibrador (Bynia e Maxi como destruidores), o que se reflectia nas poucas movimentações de sucesso da dupla Di María – Nuno Gomes. O «dragão», esse, soube gerir e jogar a seu bel-prazer, apostando em garantir solidez defensiva e só depois partir para o ataque, sempre na forma de contra-resposta, estratégia que se veio a revelar deveras eficaz.


MASSACRE… MAS SÓ A ESPAÇOS. Chalana voltou a registar erros de casting, na hora de responder à letra à desvantagem de um golo. Perante um reatamento verdadeiramente avassalador do FCP (Lisandro, Lucho, Quaresma, qual deles o mais perigoso) com pressão alta e uma boa gestão e recuperação da posse de bola, o técnico do SLB preferiu saltar a etapa de colocar os bois à frente do carro: apostou em avançados meramente posicionais (primeiro Cardozo, depois Makukula) quando as bolas raramente chegavam à frente de ataque e optou por fazer recuar Di María para o meio-campo, ele que tinha sido dos mais inconformados bem perto da grande-área. Mais migalhas para o campeão aproveitar: o meio-campo «encarnado» desconjuntou-se, sem uma referência que construísse jogo (Rui Costa e Rodriguez apagados), e começou aí o SLB a perder, definitivamente, a partida. O FCP, por alturas dos 60’, conseguia fazer o que queria dos corredores, entrar na grande área e provocar muitos, muitos calafrios a Quim. Tanto que até Mariano teve hipótese de brilhar… E como a partida se ia arrastando, Lisandro fez um favor aos mais de 50.000 que encheram o Dragão: aos 80’, autêntica fotocópia do primeiro tento, com liberdade a mais à entrada da área, e novo remate forte e apontado junto ao poste para o 2-0. Bynia haveria ainda de ser expulso, depois de entradas duras durante toda a partida e esta terminaria com alguns «olés» e com uma música peculiar, já depois do apito final: “Chamem a Polícia”, dos Trabalhadores do Comércio.


Bruno Paixão rubricou uma boa exibição. Por vezes, deixou jogar demasiadamente junto do limite do razoável, mas os jogadores não lhe complicaram o trabalho e isso ajudou à nota positiva deixada pelo setubalense.



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