sábado, 5 de julho de 2008

EDITORIAL


AINDA O EURO 2008:
MAIS IMPARCIALIDADE, POR FAVOR


O ponto 1 do Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses indica que “o jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. (…) A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público”. Faltou uma grande dose de imparcialidade a muitos dos profissionais portugueses presentes em Viena.



A final do Euro 2008 viu subir ao relvado do Ernst Happel, em Viena, as duas nações do futebol que mereceram, por força de um desfecho positivo nas partidas anteriores, o acesso a uma partida em que o título de melhor selecção da Europa seria atribuído. Os 90’ regulamentares trouxeram a vitória a Espanha e Casillas, capitão da turma orientada por Aragonés, acabou por erguer o troféu. Até aqui, tudo bem, tudo normal.

Contudo, o que se viu da parte de muitos jornalistas portugueses, durante esta mesma final, foi uma clara violação dos princípios éticos e deontológicos mais nobres da classe, com a tomada de um partido – o espanhol – pela simples razão de que o adversário era tão-só a Alemanha, que havia eliminado Portugal nos quartos-de-final.

Sejamos concretos: o ponto 1 do Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses indica que “o jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade. (…) A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público”. Faltou uma grande dose de imparcialidade a muitos dos profissionais portugueses presentes em Viena.

É inaceitável que se tome um partido, durante a realização de um trabalho jornalístico de âmbito desportivo. A única excepção à regra, bem sustentada, passa-se aquando dos jogos da Selecção Portuguesa (e, eventualmente, durante a presença de equipas portuguesas em competições europeias), nunca esquecendo os critérios de seriedade e honestidade que regem a relação dos media com o público. É tão simples quanto isso.

O que se viu, em muitos dos trabalhos realizados por muitos jornalistas portugueses, foi uma clara deturpação de certos acontecimentos. Falou-se de “arrogância alemã” quando os adeptos germânicos abandonavam, cabisbaixos, o estádio, após a partida. Pudera. Tinham perdido. Foi clara, durante todo o jogo, uma tendência para elevar o futebol espanhol e para denegrir a estratégia alemã. Tudo porque os germânicos já tinham atirado com Portugal para fora do Europeu.

Lamentam-se estas atitudes. Lamenta-se o facto de que todos os portugueses foram mal informados, antes, durante e após a final do Euro 2008, com indicações parciais de jornalistas com experiência a mais para cometerem tais erros. Por vezes, o estatuto faz esquecer a responsabilidade social do profissional de um órgão de comunicação social. Não devia.


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