sábado, 27 de setembro de 2008

EDITORIAL


QUEM ROUBA A QUEM?




O Regulamento de Competições da Liga de Clubes, no seu artigo 69º, define a tabela de preços dos ingressos para a Liga Sagres: um mínimo de cinco Euros e um máximo de sessenta Euros. E são os clubes quem aprova e define esta mesma tabela em Assembleia-Geral da LPFP, podendo variar a cobrança nas bilheteiras de forma arbitrária ao longo da época. Vale a pena dizer mais alguma coisa?



É curiosa a forma quase instantânea como um simples adepto, tradicional comentador em conversas de café, nos responde a uma questão:

- Logo à tarde vai à bola? – perguntamos.
- Raios! Com os preços que estão, prefiro ver o jogo em casa, na televisão… – returque o adepto, virando mais uma página do seu diário desportivo.

Pois. É apenas um de muitos exemplos que preferem pagar a mensalidade da TV por cabo a gastar o mesmo montante numa partida de futebol de meio da tabela, às 18h de domingo, com o tempo chuvoso e com um espectáculo que não agrada a ninguém.

O sucedido no passado fim-de-semana, em Matosinhos, é mais uma gota que vai enchendo um copo que anda perto de transbordar com tamanha falta de respeito pelo futebol. Os dirigentes do Leixões foram os protagonistas da semana, pelas piores razões, ao impedirem os adeptos de irem ao Estádio do Mar. Sim, porque com preços estabelecidos a partir dos trinta Euros e com bilhetes a atingir o tecto dos sessenta, os adeptos não assistem aos jogos in loco. Preferem nem sair de casa ou optam por um convívio no café da esquina, com uma cerveja de um lado e os amigos do outro.

Senão vejamos: O Regulamento de Competições da Liga de Clubes, no seu artigo 69º, define a tabela de preços dos ingressos para a Liga Sagres: um mínimo de cinco Euros e um máximo de sessenta Euros. E são os clubes quem aprova e define esta mesma tabela em Assembleia-Geral da LPFP, podendo variar a cobrança nas bilheteiras de forma arbitrária ao longo da época. Vale a pena dizer mais alguma coisa?

Só isto: de bom grado se colocou, no próprio Estádio do Mar e por adeptos do Sp. Braga, uma tarja que comparava preços de bilhetes de grandes jogos do mesmo fim-de-semana (dentro dos quais se incluía o Chelsea – Man. Utd). Pagou-se menos em Stamford Bridge para ver espectáculo do que em Matosinhos para um jogo de início de época entre duas formações de meio da tabela.

Os precedentes abrem-se. Outros clubes e dirigentes sentem-se no direito de inflacionar os preços das entradas nos estádios. O ciclo completa-se, torna-se – ainda mais – vicioso. E o copo começa mesmo a transbordar.



Sem comentários: