sábado, 22 de novembro de 2008

EDITORIAL


MEIOS TECNOLÓGICOS

E

“VERDADE DESPORTIVA”



O que não se discute – e, a nosso ver, erradamente – são as consequências de tamanha revolução no futebol. Exemplificamos: nenhum adepto está disposto a ir a um estádio para estar um eterno minuto à espera que um árbitro, defronte das câmaras de TV, opine sobre se é penalty, ou se é uma pura simulação. Mais: não afectará isso o próprio ritmo do jogo, diminuindo o tempo útil do mesmo?



«Evolui ou morres». Era este o título de um livro destinado aos mais jovens, de cariz declaradamente humorístico mas altamente educativo que, decerto, muitos de nós pudemos ler há não muitos anos atrás. Explicava a evolução do Homem, desde os tempos mais recônditos da nossa existência enquanto seres humanos até ao passado mais recente. Um trajecto feito de bons momentos. Mas, também, de momentos não tão bons.

A que propósito vem isto?

As últimas discussões – acesas, por sinal – sobre os erros dos árbitros têm feito correr tinta a mais e têm patrocinado sombrios debates em demasia. Reivindicam-se novos meios tecnológicos para se atingir a perfeição da tão propalada “verdade desportiva”, com extensas listas de compras de material informático e audiovisual, reivindicam-se mais dois ou três árbitros em campo para apurar, junto da linha-de-fundo, se uma bola transpõe o risco de golo.

O que não se discute – e, a nosso ver, erradamente – são as consequências de tamanha revolução no futebol. Exemplificamos: nenhum adepto está disposto a ir a um estádio para estar um eterno minuto à espera que um árbitro, defronte das câmaras de TV, opine sobre se é penalty, ou se é uma pura simulação. Mais: não afectará isso o próprio ritmo do jogo, diminuindo o tempo útil do mesmo?

Meio-termo. A palavra é simples de pronunciar. Inovações como a introdução de auriculares para uma melhor comunicação entre a equipa de arbitragem? Sim, pois claro. A imagem de um 5º árbitro, isolado numa sala com dez ecrãs da transmissão televisiva, sujeito a repetições exaustivas, de vários ângulos, a atrasar uma decisão tão importante de um jogo como a marcação de uma grande penalidade? Não, obrigado.

Com a actual conjuntura e até a própria cultura do desporto-rei, tal não é possível. Vemos esse tipo de inovações no rugby, sim, mas não queiramos comparar batatas com cebolas. Todos os agentes desportivos e fãs do rugby sabem bem que o árbitro principal pode interromper uma partida para saber se um ensaio é válido ou não. É uma cultura diferente.

Não dizemos «NÃO» à introdução dos meios tecnológicos no futebol. Apenas pensamos que a evolução e a inovação podem ser mais comedidas, nesta matéria. Porque há o risco de se matar o desporto que mais paixões movimenta.

P.S.: quanto a mais árbitros dentro do terreno de jogo, a rábula de há umas semanas atrás dos «Gato Fedorento» diz tudo. Apesar de extremamente cáustica e extrapolada, dá uma visão engraçada da confusão que seria termos mais juízes a decidir no meio de um jogo.




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