sexta-feira, 31 de agosto de 2007

COMENTÁRIO DA SEMANA

O MAL DAS LIGAS SUL-EUROPEIAS



ANDRÉ MATOS LEITE



Na Espanha, em Itália e em Portugal, verifica-se que cada vez há uma menor aposta nos jogadores jovens em detrimento de jogadores estrangeiros que, por vezes, são piores do que os nacionais à disposição.



Nos tempos antigos do futebol, os clubes não podiam ter mais de três jogadores estrangeiros. Eram obrigados a apostar nas suas camadas jovens. Actualmente, vivemos com a Lei Bosman. Esta lei permite aos clubes ter um número elevadíssimo de jogadores estrangeiros desde que pertençam à sua região comunitária. Há, também, casos em que existem acordos entre países e regiões ou entre dois países para que possam inscrever mutuamente jogadores que sejam considerados comunitários.


Quero invocar aqui dois exemplos deste nosso novo mundo futebolístico: o exemplo de ligas como a alemã e a inglesa e o exemplo das ligas latinas, como a portuguesa. A Alemanha continua a apostar nos seus jovens e apesar de começar a ter um grande número de estrangeiros, este ainda fica aquém do registado nas ligas sul-europeias. A Inglaterra, à semelhança dos germânicos, aposta nas suas camadas jovens e tem um conjunto de leis que, nos nossos tempos, impedem a contratação de alguns jogadores estrangeiros (caso de jogadores cujo passe não pertence totalmente ao clube onde joga). Na Espanha, em Itália e em Portugal, verifica-se que cada vez há uma menor aposta nos jogadores jovens em detrimento de jogadores estrangeiros que, por vezes, são piores do que os nacionais à disposição.


No nosso país tenho assistido, com grande satisfação, à formação de jogadores promovida pelo Sporting. Pelo menos seis jogadores das camadas jovens do Sporting são já internacionais por Portugal (Ricardo Quaresma, Hugo Viana, Cristiano Ronaldo, Miguel Veloso, Nani e João Moutinho). Mais: enquanto alguns estão já a mostrar a qualidade do nosso futebol pela Europa fora, os outros estão no caminho para esse mesmo sucesso. Fico feliz pelo Benfica ter mostrado, recentemente, estar em condições de contribuir com dois jogadores para esta fornada de jovens formados em Portugal com Miguel Vítor e Romeu Ribeiro. Fico, igualmente, muito satisfeito por ver o F.C. Porto tentar, pelo menos, rentabilizar nomes como Vieirinha, Paulo Machado ou André Castro.


Não tenho nada contra a existência de jogadores estrangeiros nos plantéis portugueses. Sou, sim, contra o seu exagero quando temos jogadores com a mesma qualidade. O necessário é trabalhar esses jogadores como o Sporting tem feito nos últimos anos. Estamos no futebol moderno, no futebol da globalização, no futebol das equipas “globais”. No entanto, acho que se os nossos jovens podem ser tão bons quanto os sul-americanos que hoje nos invadem ou, inclusivamente, melhores do que estes, devemos apostar nessa juventude. Não sou contra os estrangeiros no futebol. Sou contra os estrangeiros que “tapam” espaços que podiam ser ocupados por jovens portugueses com potencial para virem a ser melhores do que eles.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

REPORTAGEM GAZETA DO FUTEBOL


O encontro entre Leixões e Vit. Guimarães abre a 3ª Jornada da Bwin Liga. Defrontam-se as duas equipas que conseguiram, este ano, o acesso ao mais alto patamar do futebol português e a GAZETA DO FUTEBOL vai estar presente.


A partida realiza-se amanhã, no Estádio Dr. Prof. Vieira de Carvalho, na Maia.


Não percam, sábado, as reportagens de André Matos Leite e José Pedro Pinto sobre todas as incidências de mais um clássico do futebol português.



GAZETA DO FUTEBOL

BENFICA APURADO PARA A LIGA DOS CAMPEÕES

IMAGEM: record.pt



ANDRÉ MATOS LEITE



O Benfica conseguiu o apuramento para a fase de grupos da “Champions”, juntando-se assim a Porto e Sporting na também chamada liga milionária. A qualificação foi conseguida, esta noite, após a vitória sobre o FC Copenhaga por uma bola a zero. O resultado das duas mãos totalizou 3-1 para os “encarnados”.


Apesar de ter vencido, a tarefa das “Águias” não foi fácil. Após uma primeira-mão em que o Benfica precisou de Rui Costa na sua melhor forma para vencer, a segunda-mão começou de má forma para o clube da Luz: os dinamarqueses dominaram o início da partida, conseguindo mesmo várias boas oportunidades. Quim, Léo e Cardozo protegeram bem as redes da sua equipa, evitando golos que poderiam ter comprometido as aspirações do clube lisboeta.



Ao minuto 17, num lance de bola parada, o Benfica conseguiu um golo contra a corrente de jogo. Num livre apontado por Rui Costa, Cardozo consegue ganhar o cabeceamento permitindo que Nuno Gomes, também de cabeça, assistisse Katsouranis para o golo “encarnado”. Um golo que obrigava o Copenhaga a marcar três vezes para poder passar à fase de grupos da “Champions”.



A partir daqui as “Águias” conseguiram aliviar um pouco a pressão continuando a assistir-se, no entanto, ao domínio dinamarquês. Na segunda metade do jogo, o Benfica conseguiu defender com mais segurança e sair algumas vezes com a bola corrida para o ataque, o que equilibrou um pouco a partida.



Registaram-se boas ocasiões de golo dos dois lados até ao final da partida, mas o resultado permaneceu inalterado. O Sport Lisboa e Benfica conseguiu, desta forma, o apuramento para a Liga dos Campeões.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

ESPANHA: FALECEU PUERTA

IMAGEM: marca.com


O JOGADOR DO SEVILHA TINHA 22 ANOS E NÃO AGUENTOU AS SEQUELAS DE CINCO PARAGENS CARDÍACAS, NO ÚLTIMO SÁBADO, EM JOGO FRENTE AO GETAFE.



JOSÉ PEDRO PINTO



Faleceu Antonio Puerta. O jovem jogador espanhol alinhava no Sevilha e não resistiu às sequelas de cinco paragens cardíacas (duas em campo; três a caminho do hospital) que sofreu durante o jogo do passado sábado, frente ao Getafe. Internado desde domingo na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Virgen del Rocío, em Madrid, Puerta, de 22 anos, enfrentava, já à hora de almoço, um prognóstico pouco favorável à sua recuperação: "evolução clínica desfavorável, com vários órgãos disfuncionais devido à paragem cardíaca prolongada que sofreu".


Antonio Puerta havia recebido, esta manhã, a visita de muitos familiares e amigos do mundo do futebol, interessados em conhecer qual o estado clínico do jogador. Desconheciam, no entanto, que poucas horas de vida lhe restavam.


O Sevilha já disponibilizou uma câmara ardente no Estádio Sánchez Pizjuán para que o corpo do malogrado jovem de 22 anos seja para aí trasladado e para que possa ser velado por familiares e amigos.


Entretanto, o jogo que opunha, esta noite, o Sevilha ao AEK de Atenas, a contar para a qualificação para a Liga dos Campeões, foi, de imediato, adiado para a próxima segunda-feira.



Fontes





domingo, 26 de agosto de 2007

F.C. PORTO 1 - 0 SPORTING

IMAGEM: record.pt


MEIRELES DECIDIU COM PORMENOR



F.C. PORTO TRIUNFA COM ERRO DE STOJKOVIC MAS NEM ASSIM DEIXA DE SER VENCEDOR JUSTO.



JOSÉ PEDRO PINTO



O F.C. Porto quebrou a série de invencibilidade fora de portas do Sporting , ao vencer, esta noite, os «leões» por 1-0. Num jogo em que o domínio do «dragão» se revelou avassalador – sobretudo na 1ª Parte – voltou a ser o pormenor de uma bola parada a decidir mais um confronto entre Jesualdo e Bento.


Numa 1ª Metade em que só deu FCP, o Sporting demonstrou uma apatia anormal em organizar jogadas de ataque e em defender como tão bem sabe. Os da casa aproveitaram bem esse mesmo factor e criaram uma série de ataques rápidos e bem conseguidos para ameaçar de perto as redes à guarda de Stojkovic. Primeiro foi Tarik, depois de uma incursão pela esquerda, a oferecer o golo a Meireles que, já na pequena área, desperdiçou e, de seguida, um livre magistral de Quaresma a embater no ferro da baliza do Sporting evidenciaram um F.C. Porto astuto no caminho para o golo. Do lado do Sporting, apenas a registar um remate com relativo perigo de Moutinho que Helton controlou sem problemas. Faltou garra ao meio-campo leonino (Veloso apagado q.b.) bem como uma posse de bola mais eficaz e organizada.


Já na 2ª Parte, foi o minuto 9’ a sentenciar a partida: um atraso de Polga para a grande área do Sporting, onde Stojkovic cometeu um erro de palmatória amarrando o esférico. Proença assinalou, de pronto, o livre indirecto, em cima da linha de pequena área. Na transformação, Meireles disparou forte para o fundo da rede. A partir daqui, foram os visitantes a assumir as despesas do jogo. Bento arriscou tudo, a 15 minutos do fim, e apostou em colocar a sua equipa num 3x5x2. As oportunidades sucederam-se, sobretudo graças à dinâmica que Vukcevic trouxe à equipa, mas foi quase ao cair do pano que Derlei quase facturava, depois de um erro de Helton. O F.C. Porto, esse, adormeceu um pouco, nesta etapa da partida, preferindo resguardar a vantagem magra e espreitar um eventual contra-ataque perigoso.


No capítulo da arbitragem, boa exibição de Proença e seus pares. Seguro de si mesmo e ciente do grau de dificuldade do jogo, jamais deixou que os jogadores se tornassem os protagonistas, pela negativa, de uma partida sem problemas de maior. Esteve bem ao ajuizar o atraso ilegal de Polga ao seu guarda-redes, Stojkovic.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

COMENTÁRIO DA SEMANA

HONESTIDADE, POR FAVOR!


JOSÉ PEDRO PINTO


Que direito terão os jornalistas da imprensa escrita desportiva de basear a sua análise aos árbitros por intermédio de imagens televisivas, quando assistem, no estádio, a todas as incidências da partida? Confesso que isso me parece apenas uma falta de ética e de profissionalismo por parte de pessoas que deveriam tentar ser o mais honestas possíveis nas abordagens que milhares de pessoas lêem todos os dias.


Quando uma equipa de arbitragem entra em campo, alheia-se de um grande mecanismo que pode “ajudar” a melhorar o seu trabalho: imagens televisivas repetidas até à exaustão, com ângulos sobrepostos em ângulos inversos, tecnologia digital e virtual e interactiva. Uma equipa de arbitragem torna-se, no centro do terreno de jogo, uma ilha isolada de tudo o resto, com os seus elementos apenas interligados por bips de bandeirolas e um sistema de comunicação áudio (que promete dar que falar…).

Quando uma equipa de reportagem entra numa Tribuna de Imprensa, tem também alguns mecanismos com que pode trabalhar: computadores portáteis, fotos instantaneamente enviadas pelos fotógrafos que se encontram à flor do relvado, blocos de notas e, ah… imagens televisivas para escalpelizar todos os erros cometidos pelo quarteto que habitualmente dirige uma partida de futebol.

Conclusão: ambas as partes não estão em pé de igualdade.

Que direito terão os jornalistas da imprensa escrita desportiva de basear a sua análise aos árbitros por intermédio de imagens televisivas, quando assistem, no estádio, a todas as incidências da partida? Confesso que isso me parece apenas uma falta de ética e de profissionalismo por parte de pessoas que deveriam tentar ser o mais honestas possíveis nas abordagens que milhares de pessoas lêem todos os dias.

Tive a oportunidade de efectuar a reportagem do Leixões – S.L. Benfica, da 1ª Jornada da Bwin Liga. A análise do trabalho da equipa de arbitragem que mentalmente esbocei, ao sair do estádio, foi a mesma após ter chegado a casa e ter visto o resumo do jogo, na TV. Houve erros de arbitragem, é certo! Mas, em consciência, não alterei uma vírgula ao que havia percepcionado, in loco, no Bessa. Decidi colocar-me ao mesmo nível a que os quatro juízes se encontravam, lá em baixo no relvado.

Pena é que muitos dos nossos – grandes – jornalistas não o façam…

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

ARMÉNIA – PORTUGAL: EMPATE PERIGOSO

IMAGEM: record.pt



ANDRÉ MATOS LEITE



Portugal empatou com Arménia, este tarde, em jogo a contar para a qualificação do Euro 2008. Apesar da teórica superioridade da formação lusa, a equipa da casa conseguiu contrariar o favoritismo português tendo, inclusivamente, conseguido o primeiro golo do jogo. Foi aos 11 minutos que Arzumanyan cabeceou a bola para as redes defendidas por Ricardo.

A selecção portuguesa conseguiu o empate por intermédio de Cristiano Ronaldo numa jogada, aos 37 minutos, em que o avançado do Manchester United recupera a bola na defesa armena e consegue um remate de ângulo apertado.

Numa partida equilibrada em que ambas as equipas poderiam ter atingido a vitória, a melhor oportunidade da segunda metade do encontro pertenceu à selecção das quinas. Um livre apontado por Quaresma não recebeu a melhor finalização de Bruno Alves que cabeceou ao lado da baliza da Arménia.

Portugal perde assim dois pontos importantes na qualificação para o Europeu da Áustria e da Suíça, estando agora obrigado a ganhar os próximos encontros para atingir a fase final da competição.

EURO' 2008: PORTUGAL JOGA HOJE FRENTE À ARMÉNIA

IMAGEM: rr.pt


NOTÍCIA ÁUDIO

JOSÉ PEDRO PINTO


segunda-feira, 20 de agosto de 2007

ENTREVISTA GAZETA DO FUTEBOL

JORGE SOUSA




“ARBITRAGEM NACIONAL TEM MARGEM DE PROGRESSÃO”



Jorge Sousa, 32 anos, escriturário de profissão, árbitro de 1ª Categoria. Em entrevista à Gazeta do Futebol, o juiz internacional falou dos temas que assolam a arbitragem nacional nos dias de hoje: profissionalização da classe, carreira, classificações, perspectivas pessoais. Tudo em discurso directo.



JOSÉ PEDRO PINTO



“NÃO FIQUEI SATISFEITO COM A MINHA CLASSIFICAÇÃO”

GAZETA DO FUTEBOL: Ocupou a 4ª posição na classificação de árbitros de 1ª Categoria da última época e foi o melhor do Porto. Satisfeito?
JORGE SOUSA: Objectivamente, não. Por um motivo muito simples: o ano passado fui 2º classificado, portanto, o objectivo seria sempre fazer melhor do que esse 2º lugar. Sendo 4º, quer dizer que piorei as minhas performances em relação ao ano anterior. Não me posso considerar satisfeito porque o objectivo é fazer sempre melhor do que aquilo que se atingiu no último ano. No mínimo, o melhor para mim seria atingir o tal 2º lugar que já havia alcançado, ou então o 1º. Tendo sido 4º…


GF: Mas acha que foi prejudicado nas suas avaliações?
JS: Não tenho motivos para dizer que fui prejudicado. Quero acreditar – e acredito – que o lugar que atingi foi o merecido. Não tenho razão de queixa da forma como decorreu a época em termos pessoais já que fui avaliado em consciência pelas pessoas. Houve correcção, no meu caso, e acho que, em termos particulares, o meu trabalho foi correctamente avaliado.





“O SPORTING-BENFICA? UM JOGO COMO OUTRO QUALQUER…”

GF: O Sporting vs. S.L. Benfica da época passada foi um dos momentos mais altos da sua carreira, até agora. Teve uma preparação especial para esse jogo, ou foi, somente, mais uma partida como outra qualquer?
JS:
Exactamente como outra qualquer.

GF: Como viveu esse jogo?
JS:
Apitei o jogo como se fosse um jogo normal (risos). Não estou a exagerar… Foi mesmo uma partida como outra qualquer.


GF: Em termos pessoais, o que perspectiva para a época desportiva que agora principia?
JS:
Acima de tudo, pretendo fazer uma época em que possa chegar ao fim e sentir-me de consciência tranquila. Esse é sempre o primeiro objectivo: que as coisas corram de uma forma que eu considere tranquila. Estou num sector e exerço uma função onde é necessário uma enorme tranquilidade. Se assim acontece, é sinal de que está tudo a correr bem. Quero, no fundo, ter a consciência de que fiz o meu melhor, independentemente de num ou noutro jogo as coisas não correrem pelo melhor. No fim, far-se-ão as contas.


“A ASCENSÃO QUE VOU TENDO RESULTA DE MUITO TRABALHO DA MINHA PARTE”


GF: Chegou à 1ª Categoria da arbitragem há seis anos e tem evoluído de uma forma rápida, tanto ao nível de classificações finais como ao nível do grau de dificuldade dos jogos arbitrados. Sendo um árbitro relativamente jovem, pensa que essa evolução foi demasiado rápida, ou, pelo contrário, tem correspondido às suas expectativas de época para época?
JS: Bom, acho que não sou “relativamente jovem”; sou mesmo JOVEM (risos)! Só tenho 32 anos… Acho que tem sido uma evolução normal. Não tem sido uma ascensão vertiginosa, nem tem sido lenta. Tem decorrido, perfeitamente, em função daquilo que têm sido as minhas épocas. São seis anos na 1ª Categoria, e não uma ou duas épocas. Devo dizer que apenas chego a internacional na minha quinta época como árbitro de 1ª Categoria, portanto, não é assim tão rápido quanto isso. Tem muito trabalho pelo meio e, no fundo, esta ascensão paulatina que vou tendo (e não rápida…) resulta desse trabalho que tenho vindo a desenvolver. Modéstia à parte, tenho justificado essa evolução.



GF: Teve a possibilidade de trabalhar com três Comissões de Arbitragem da LPFP, desde que chegou à 1ª Categoria, em 2001/2002. Sentiu, e tem sentido, uma aposta séria dessas mesmas comissões nas suas capacidades?
JS:
Em relação à primeira Comissão de Arbitragem, presidida por José Luís Tavares, tive apenas o prazer de trabalhar um ano com essa equipa. Foi o meu ano de “caloiro” e não tive muita oportunidade de trabalhar com essa CA pois foi só um ano, como já disse. Gostei bastante desse período, pois era uma equipa séria, competente e honesta. Só tenho a dizer bem. No que toca à segunda CA, com o Presidente Luís Guilherme, realço o facto de haver um paralelismo entre o que é a minha carreira e o facto de ter sido uma aposta, ano após ano, desta comissão. Acabou por ser também uma relação pautada pelo meu bom trabalho, volto a referir. A terceira CA, com Vítor Pereira, está agora a começar… Não lhe posso dizer muito mais do que isto, pois ainda vamos com poucos meses de trabalho.


“FOI UMA SURPRESA QUANDO ME INFORMARAM DE QUE HAVIA ENTRADO PARA O QUADRO DE ÁRBITROS DA FIFA”


GF: É árbitro internacional desde 2006. Como é que reagiu quando soube dessa sua promoção?
JS:
A primeira reacção foi de surpresa. Comentava-se, na altura da saída do árbitro António Costa, que Portugal corria o risco de não poder ter um substituto. Corríamos mesmo o risco de perder um árbitro internacional! E, em função desse cenário, fui dando como um dado adquirido que não iria entrar ninguém para o seu lugar. Quando me ligaram a dar conhecimento da minha entrada para o quadro da FIFA, encarei isso com uma certa surpresa. Mas, olhando para o trabalho que vinha desenvolvendo, acho que foi o alcançar de mais um patamar normal na minha carreira e um prémio merecido.


“NÃO POSSO ADMITIR QUE OS ÁRBITROS NÃO SEJAM PROFISSIONAIS!”

GF: É a favor da profissionalização dos árbitros?
JS: Completamente! Não posso admitir que num mundo onde toda a gente seja profissional – e, hoje em dia, até os dirigentes são profissionais – uma das partes mais importantes do futebol seja amadora. E eu falo por mim: tenho o meu emprego, o qual deixo, todos os dias, às 18h30m para ir treinar. E isto TODOS OS DIAS. Ao fim-de-semana vou apitar o jogo para o qual sou nomeado e chego a casa à meia-noite, à uma, duas, três da manhã, em função do local do encontro. No dia seguinte, tenho que me levantar às 7h30m para ir trabalhar. Claro que num mundo tão exigente e cada vez mais profissional, se continua a olhar para a arbitragem como o parente pobre do futebol. Portanto, o profissionalismo da arbitragem acaba por ser quase uma obrigatoriedade a curto-médio prazo e, por ainda ser amadora, a arbitragem portuguesa não se coaduna com os campeonatos profissionais em que se insere. Mas é claro que os árbitros têm de ter mais e melhores condições para desempenharem as suas funções, e a profissionalização é uma via para isso.




GF: A seu ver, há condições favoráveis para a implementação de um tal modelo de profissionalização, em Portugal?
JS:
Ouço falar muito, mas sei pouco. Não sei muito bem em que moldes é que é pretendida esta profissionalização, o que é que vai ser exigido de nós, o que nos vai ser pedido, as contrapartidas que nos irão ser oferecidas. Neste momento, não tenho grandes condições para lhe responder de uma forma completa a essa questão…


GF: Então isso quer dizer que a Comissão de Arbitragem da LPFP e o Conselho de Arbitragem da FPF não estão a trabalhar bem nesse sentido?
JS:
Não, eu quero acreditar que sim! Só que, se calhar, ainda não julgaram o momento ideal para poderem partilhar com os árbitros este assunto. Acredito que, a breve prazo, tal será partilhado e divulgado aos árbitros porque, tal como a Comissão de Arbitragem tem dito, é um tema que vai avançar ainda no decorrer desta época.


“CHEGUEI À ARBITRAGEM SEM QUERER…”

GF: É árbitro desde 1993/1994. Como é que chegou à arbitragem?
JS:
Sem querer… Era jogador do Aliados de Lordelo, um defesa-esquerdo marcador de golos (risos) e, um dia, um colega meu falou-me de um curso de arbitragem de futebol. Encarei isso com desprezo pois era algo que não me dizia nada, nem nunca me tinha passado pela cabeça! No entanto, a insistência dele fez com que eu tirasse esse curso. Entretanto, eu ia jogando pouco no clube e perdia tempo a treinar (se calhar o jeito não era muito). No final do curso, quando nos entregaram as insígnias, fomos desafiados pelas pessoas da organização para que não abandonássemos a arbitragem sem fazer, pelo menos, três ou quatro jogos, para sabermos o que aquilo era. Achei interessante o desafio e não quis vir embora sem experimentar. E pronto! Aquilo que, para mim, era quase impensável, ao fim de cinco jogos tornou-se quase um vício e adorei, principalmente porque gosto de futebol e a arbitragem era uma forma de continuar ligado a esse mundo. Foi uma paixão que se foi entranhando.

GF: Depreendo das suas palavras que não está arrependido de ter continuado na arbitragem…
JS:
Vou-lhe ser sincero: caso tivesse jeito para jogar futebol, preferia ter seguido uma grande carreira de futebolista em vez de ser árbitro. Adoro jogar futebol! Joguei, durante vários anos, futebol federado, mas, devido à falta de jeito como jogador, consegui encontrar uma alternativa para continuar ligado a este mundo. Ao fim de 14 anos, posso dizer que fiz uma boa escolha, ao vir para a arbitragem. Abriu-me novos horizontes, conheci novos mundos, tive novas perspectivas, fiz novos amigos. É um mundo de que gostei, gosto, e espero continuar a gostar.





“TINHA TODA UMA FREGUESIA EM «ESTADO DE SÍTIO» À MINHA ESPERA!”


GF: Os escalões inferiores do nosso futebol são conhecidos, infelizmente, pelas parcas condições de segurança nos jogos que se disputam. Lembra-se de algum episódio em que tenha temido pela vida, ao arbitrar um jogo desses escalões?
JS:
Lembro-me de um episódio: foi num dia 30 de Dezembro (confesso que não me lembro do ano…), em que apitei uma partida entre o Progresso e o Mindelo. O jogo disputou-se às 21h30m no Campo do Progresso. Após o final do jogo – já passava da meia-noite – fui informado pelo comandante da força policial de que tinha centenas de pessoas à minha espera para, e estou a citá-lo, não me deixar entrar no novo ano. O que é facto é que, quando saí do balneário, verifiquei que era mesmo verdade! Era toda uma freguesia em “estado de sítio”, à minha espera! Teve que ser chamada a polícia de intervenção (coisa que eu nunca tinha visto num jogo de futebol…) para nos tirar de lá, mas acabou por correr tudo bem. Fomos retirados em segurança do campo, sem sermos minimamente beliscados, e é apenas um episódio que recordo com alguma tristeza.


GF: Há poucos árbitros para muita procura. Isto quer dizer que tem havido uma má gestão das camadas de formação da arbitragem jovem? Não há moralização suficiente para incentivar os jovens a enveredar por esta actividade ou manter os que já lá estão inseridos?
JS:
Hoje em dia, para tudo na vida, é necessário um bom trabalho de marketing. Portanto, para se ter sucesso no que quer que seja, é preciso trabalhar arduamente à volta de um projecto para que este possa singrar. A arbitragem sempre foi vista como o parente pobre do futebol, já o disse, e a impressão que as pessoas têm é a de que ir para árbitro é quase uma ofensa, uma vergonha. Infelizmente, ainda hoje existe esse paradigma. Há, de certa forma, pouco trabalho, e estou à vontade para o dizer. Ser árbitro não é aquilo que as pessoas pensam, bem pelo contrário. Eu tinha essa ideia quando estava a tirar o curso, e, 14 anos depois, só posso dizer que a arbitragem não é aquilo que as pessoas pensam. Mas, em função dessas mesmas reacções, sim, é um facto de que tem havido pouco trabalho à volta do patrocínio da verdadeira imagem da arbitragem.


“CRISE NA ARBITRAGEM NACIONAL? NÃO VEJO PORQUÊ…”


GF: A arbitragem nacional vive um momento de crise?
JS: Não, não sei porquê! É certo que, num passado algo recente, perdemos grandes referências na nossa arbitragem: num período de 3, 4 anos, perdemos seis árbitros que eram autênticas referências no futebol nacional. Mas, actualmente, temos um quadro de árbitros muito jovem em comparação com os campeonatos profissionais de Espanha, Inglaterra, Alemanha e Itália! O nosso quadro é o mais jovem, de longe, em relação a todos os outros países, o que nos permite ver que temos ainda uma grande margem de progressão e muito para evoluir. Penso que podemos estar satisfeitos e contentes pelo facto de o nosso futebol estar bem entregue aos árbitros que temos, hoje em dia.




GF: Os árbitros deveriam expor-se mais à opinião pública, falar mais com a comunicação social?
JS:
Não vejo qualquer problema nisso. Os árbitros são uma parte interveniente no mundo do futebol, tal como os dirigentes, treinadores e jogadores, mas o que é certo é que se olha para os árbitros como pessoas quase impossíveis de atingir, fechadas num mundo próprio e imunes a tudo. As coisas não são assim! Veria com muito bons olhos que os árbitros pudessem falar de uma forma aberta e de uma forma franca com a comunicação social. Quanto mais não fosse, para mostrar o lado humano da arbitragem e para que as pessoas percebessem que um árbitro é uma pessoa que tem, tal como um jogador, de ser capaz de fazer o seu melhor.

GF: Caso pudesse, votaria a favor da criação de um Conselho de Arbitragem Nacional, fora da esfera de influência tanto da FPF como da LPFP?
JS:
Não disponho de dados objectivos que me permitam responder a isso…

GF: Identifica-se com os objectivos e metas traçadas pela actual CA da LPFP?
JS:
Plenamente! Todos estão determinados em conseguir uma melhor arbitragem, um futebol de melhor qualidade e tudo o que venha beneficiar este desporto é bem-vindo. Dessa forma, claro que sim, identifico-me perfeitamente com os objectivos que estão definidos pela CA da Liga para esta época.


“O DIRIGISMO DESPORTIVO NÃO ESTÁ BEM SERVIDO”


GF: Temos bons dirigentes desportivos em Portugal?
JS:
Podíamos ter melhores… Essa classe tem evoluído. No entanto, é preciso dizer que, ao contrário do que muitos dirigentes apregoam, não são os árbitros a razão de todos os males no nosso futebol. Não digo isto para tentar defender a minha classe, mas, se há uma área que não está bem servida, o dirigismo desportivo é uma delas. Vêem-se as coisas com muito clubismo e nem sempre o que acontece é feito com base na verdade… Há interesses superiores que é preciso defender e, para isso, não se hesita em prejudicar a arbitragem. É um facto que a qualidade desse sector tem melhorado mas a verdade é que ainda não está no patamar que possamos considerar de «Bom». Acredito, no entanto, que havemos de lá chegar…


“ESPERO QUE O «APITO DOURADO» ACABE, DE VEZ, COM A SUSPEIÇÃO À VOLTA DO FUTEBOL PORTUGUÊS”


GF: Que comentário lhe merece todo o processo "Apito Dourado"?
JS: Se calhar foi um mal necessário… Veio abalar o futebol português, é certo, mas volto a dizer que espero que tenha sido um mal necessário para trazer mais transparência, mais verdade e mais credibilidade ao futebol. Se no final de todo este processo o futebol tiver mais credibilidade, ficarei muito satisfeito. Independentemente de haver pessoas punidas ou não, o mais importante é que toda esta suspeição que paira sobre o futebol português desapareça de uma vez por todas.




GF: O que é ser árbitro?
JS: Uma paixão, uma vocação, algo que só quem passa por esta área pode descrever. Como já tive oportunidade de dizer, vim para isto sem querer, pois nunca me passou pela cabeça ser árbitro. A verdade é que, ao fim de cinco jogos, estava já viciado nisto! O que posso dizer é que a arbitragem é uma paixão tremenda… Se quem vier para a arbitragem gostar minimamente de futebol, garanto que é meio caminho andado para gostar desta área.

domingo, 19 de agosto de 2007

LEIXÕES S.C. - S.L. BENFICA: REPORTAGEM


REPORTAGEM GAZETA DO FUTEBOL


AMBIENTE FRENÉTICO EM NOITE DE REGRESSO



ANDRÉ MATOS LEITE



Sábado, 18 de Agosto de 2007, é o dia do regresso… O Leixões Sport Clube, após 19 anos de ausência, regressa ao principal escalão do futebol português. Pouco mais de três horas antes do jogo e já se vê em frente à casa emprestada do clube de Matosinhos alguns adeptos. São, ainda, muito poucos os que cá se encontram. No entanto, já se sente a emoção despertada por um apoiante a gritar a plenos pulmões pelo seu clube.


Viajando pelas imediações do estádio encontro os cafés vermelhos com um convívio calmo entre Leixões e Benfica. Ainda estamos longe do encontro da primeira jornada da Bwin liga, mas os adeptos que julgava serem poucos são, afinal, mais do que os portões do Bessa revelavam.

Uma hora passa desde que aqui cheguei. O número de adeptos na rua onde chegarão os autocarros dos dois clubes duplicou. Já sinto as discussões calmas entre amigos em lados opostos nesta “batalha”. “Eu consegui uma coisa que tu não. Eu venho aqui como campeão” dizia um adepto leixonense ao seu amigo benfiquista.


Meia hora após as sete. É a chegada da equipa de Lisboa. Os cachecóis esvoaçam no ar gritando “Benfica Benfica”. O jogo aproxima-se. 15 minutos depois estou na barraca das bifanas, essenciais a qualquer jogo de futebol. Alguns a quem a bebida já faz efeito estão impacientes e berram pelas suas bifanas.


Falta uma hora para a partida. Altura de entrar no estádio. As claques benfiquistas já encheram metade da sua bancada. As restantes ainda não têm senão algumas pessoas. A Máfia Vermelha, claque do Leixões, começa finalmente a entrar. É o frente-a-frente entre as claques dos dois clubes. Abrem-se as hostilidades e voam os insultos entre Norte e Sul do Bessa XXI. Durante os minutos seguintes assisto à entrada dos jogadores para aquecimento. Entre assobios e gritos de exaltação é difícil perceber se são mais os adeptos de Matosinhos ou os de Lisboa. Certo é que ambos se sentem felizes por ver, finalmente, as respectivas equipas em campo.


É hora de começar o jogo. A bancada dos Diabos Vermelhos e dos No Name Boys está completamente cheia. A bancada poente, parece-me estar igualmente cheia. A claque do Leixões pode não ter enchido a sua bancada, mas as “bandeiras” de plástico que consigo levaram enchem o que falta. Na parte mais baixa da bancada (Sul superior) pode ver-se uma faixa com as palavras “estamos de volta”. Apesar de aparentemente em menor número, os adeptos do clube de Matosinhos conseguem bater-se em igualdade com os benfiquistas no momento de entrada das equipas para o jogo. É agora.


Durante toda a primeira parte, com o domínio do Leixões, a Máfia Vermelha faz-se sentir com grande superioridade continuando a corrente do jogo nas bancadas. A primeira vez no jogo em que realmente os adeptos benfiquistas “apagam” os leixonenses acontece no minuto 55 com a saída de Nuno Gomes. Uma chuva de assobios e insultos cai sobre o avançado “encarnado”. E eis que no minuto 88 surge o golo. Após o desânimo completo Petit levanta as almas do Benfica com um golo que faz o “glorioso SLB” ecoar novamente nas bancadas. No entanto, esta felicidade foi de pouca dura. Após o minuto 90, a confusão junto à baliza de Quim, o golo de Nwoko, a morte da alma “encarnada”. A Máfia levanta-se e deixa toda a sua felicidade invadir os ouvidos rivais. E o jogo chega ao fim.


A caminho da linha de metro encontro grande parte dos adeptos do Leixões. Nas suas caras um sorriso satisfeito pelo empate contra um dos três grandes. No olhar, contudo, percebe-se que esperavam um melhor resultado depois da exibição que a sua equipa fez.

LEIXÕES S.C. 1-1 S.L. BENFICA

IMAGEM: rr.pt

REPORTAGEM GAZETA DO FUTEBOL

MINUTOS FINAIS INTENSOS



JOSÉ PEDRO PINTO


Leixões e Benfica não foram além de um empate a uma bola, numa partida que marcava o regresso dos matosinhenses ao mais alto escalão do futebol português. Num encontro «morno» e em que nada saiu bem aos comandados de Fernando Santos, o Leixões mostrou garra e chegou a ameaçar fazer furor perante o poderio teórico do adversário. O resultado final foi alcançado já nos últimos instantes da partida.


A 1ª Parte foi inteiramente dominada pelos leixonenses. Carlos Brito montou uma equipa que demonstrou organização e rapidez nas saídas para o ataque e que ainda teve os melhores lances de perigo. Com uma linha média composta por China, Cervantes e Machado, o Leixões conseguiu controlar essa zona de influência com alguma destreza e mérito. Já o Benfica evidenciava problemas no controlo do jogo a meio-campo e uma dupla desinspirada na frente de ataque – Cardozo e Nuno Gomes -, ficando assim explicado o porquê de tão poucas incursões e remates á baliza do Leixões.


No que diz respeito à 2ª Parte, o Benfica reentrou em campo com vontade de querer decidir rapidamente o jogo e terá sido essa mesma circunstância a pesar junto dos jogadores no momento de criar jogadas de perigo: a pressa em resolver o jogo levou, consequentemente, às inúmeras perdas de bola perante um “11” leixonense que revelou, nesta etapa, uma capacidade de sofrimento enorme. Pressionados, os pupilos de Brito, recuaram para o último terço do terreno, é certo, mas conseguiram controlar a partida.


Ao minuto 89’, no entanto, o Benfica acabaria por marcar. Num canto cobrado por Rui Costa ao primeiro poste, Katsouranis sobrepôs-se, em altura, a toda a defensiva contrária, e desviou para a pequena-área onde Petit, sem qualquer tipo de oposição, finalizou de cabeça. Um erro que custou caro à equipa do Leixões.


Ainda assim, o golo do empate haveria de chegar no último suspiro dos recém-promovidos: nova falha defensiva (desta feita, do lado benfiquista) que deu a oportunidade a Nwoko, entrado na 2ª Parte, de repor a igualdade na partida. Fechava-se o jogo ao minuto 94’.


No que toca ao capítulo da arbitragem, Jorge Sousa e seus pares realizaram um bom trabalho. O juiz portuense foi discreto q.b. e uniformizou o seu critério ao longo da partida, rubricando uma exibição segura e eficaz.

sábado, 18 de agosto de 2007

SEGUNDA-FEIRA: PRIMEIRA «ENTREVISTA GAZETA DO FUTEBOL»



JORGE SOUSA, ÁRBITRO


"ARBITRAGEM NACIONAL TEM MARGEM DE PROGRESSÃO"




Segunda-feira, na Gazeta do Futebol.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

REPORTAGEM GAZETA DO FUTEBOL


Os campeonatos profissionais do futebol português arrancam este fim-de-semana e a Gazeta do Futebol não vai faltar, acompanhando todas as incidências do Leixões - S.L. Benfica que se disputa amanhã, às 21h, no Estádio do Bessa.


Não percam, domingo, as reportagens de André Matos Leite e José Pedro Pinto sobre esta partida.



GAZETA DO FUTEBOL

COMENTÁRIO DA SEMANA

O FUTEBOL EM GAIA


ANDRÉ MATOS LEITE


Estes são factos que provam que os clubes de Gaia não são incapazes de ter bons jogadores. São sim, pela sua fraca capacidade financeira, incapazes de os manter nos seus quadros.


Vila Nova de Gaia. A maior cidade do grande Porto. Nunca uma equipa gaiense esteve nos escalões mais altos do futebol português. Como é possível que numa cidade tão povoada não haja, então, um clube com capacidade para atingir a Primeira Liga? Gaia sofre, na minha opinião, de um grave problema: há um excesso de clubes a lutar entre si. E são todos clubes pequenos que não conseguem atingir níveis financeiros e desportivos mínimos. Há um velho ditado que diz: "A união faz a força". É a política que deveria seguir-se, neste caso.


Porto e Lisboa têm vários clubes, provavelmente mais do que conhecemos, mas os mais importantes afirmaram-se porque foram dos primeiros a aparecer nestas grandes cidades e, assim, puderam evoluir rapidamente.


Os clubes de Gaia já "enviaram" jogadores para a Primeira Liga. Recentemente, temos o caso de Nélson, lateral-direito do S.L. Benfica e, em tempos, jogador do Vilanovense. Passando pelo Salgueiros, acabou transferido para o Boavista. Do Bessa, rumou a Lisboa, em direcção à Luz. Três anos para chegar à Primeira Liga e a um dos três grandes. O Dragões Sandinenses, clube que deixou de ter futebol profissional há dois anos, chegou a lançar Bruno Tiago para o Gil Vicente. Actualmente, joga no S.C. Braga.


Estes são factos que provam que os clubes de Gaia não são incapazes de ter bons jogadores. São sim, pela sua fraca capacidade financeira, incapazes de os manter nos seus quadros.


A criação de um clube que reunisse os maiores emblemas da cidade (um hipotético Futebol União de Gaia) permitiria uma maior estabilidade económica a uma tal equipa com as receitas provenientes da venda dos estádios e terrenos correspondentes. Ficaria a haver apenas um clube e seria mesmo possível criar um único e grande estádio gaiense. Mais ainda, possibilitaria segurar e contratar bons jogadores e técnicos, o que poderia levar esta "União de Gaia" a aumentar, consideravelmente, as suas hipóteses de chegar à Primeira Liga.


Como se sabe, o futebol não vive sem dinheiro. E um clube único em Gaia, traria, sem dúvida, essas tão necessárias verbas.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

S.L. BENFICA: MANUEL FERNANDES (QUASE) NO EVERTON

IMAGEM: expresso.clix.pt


O JOGADOR JÁ NÃO SEGUIU PARA O ESTÁGIO QUE OS «ENCARNADOS» REALIZAM ANTES DO EMBATE DE HOJE FRENTE AO FC COPENHAGA. O MÉDIO ESTÁ A CAMINHO DE LIVERPOOL, ONDE IRÁ REPRESENTAR O EVERTON.


JOSÉ PEDRO PINTO


Manuel Fernandes está praticamente certo no Everton. O médio do Benfica já não integrou o estágio que os «encarnados» realizam tendo em vista a preparação para o jogo de mais logo frente aos dinamarqueses do FC Copenhaga, e o seu destino parece ser Inglaterra. O Everton atingiu, nas últimas horas, o valor da cláusula de rescisão de Manuel Fernandes junto da SAD benfiquista (avaliada em 9 milhões de Euros), pelo que será agora a vez do jogador decidir se quer mesmo alinhar pela equipa orientada pelo escocês David Moyes.

A juntar a estes dados, há ainda a dizer que coube ao jovem médio a decisão de não seguir com a equipa do Benfica para estágio, já que, caso jogasse hoje frente ao Copenhaga, não poderia alinhar por mais nenhuma equipa nas competições europeias da presente época.

A SAD «encarnada» já comunicou à CMVM a proposta efectuada pelo clube inglês e não terá mais voto na matéria, já que apenas detém 50% do passe de Manuel Fernandes. A restante metade pertence a um fundo de jogadores estrangeiro. Caso pretenda manter o jogador - uma hipótese altamente improvável - o Benfica terá que desembolsar mais 9 milhões de Euros para comprar o resto do passe do médio.

A partir de agora, certezas, só uma: a equipa treinada por Fernando Santos voltará ao mercado para a aquisição de um substituto para Manuel Fernandes.


Fonte: RENASCENÇA

domingo, 12 de agosto de 2007

SUPERTAÇA: IZMAILOV DÁ TÍTULO AO SPORTING

IMAGEM: abola.pt


ANDRÉ MATOS LEITE


Foi aos 75 minutos de jogo que o reforço do Sporting Izmailov marcou o único golo da partida num remate de longa distância. Numa partida em que os ataques de ambas as equipas não estiveram na melhor forma, o jogador russo decidiu o resultado, apesar de ter estado “apagado” durante a maior parte do confronto.

Do lado azul e branco é de notar as boas oportunidades de Quaresma com um remate ao posto (17 minutos) e de Kazmierczak com uma bola à barra (81 minutos).

Após o golo dos “leões”, o Porto tentou atacar com mais força. Jesualdo Ferreira fez entrar Mariano Gonzalez e Leandro Lima para os lugares de Raul Meireles e Paulo Assunção. No entanto, um Sporting muito seguro defensivamente conseguiu segurar o resultado.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

COMENTÁRIO DA SEMANA

SE EU FOSSE PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL...


JOSÉ PEDRO PINTO


Primeiro:
nunca deixaria que os interesses e ditames dos grandes colossos do futebol mundial (FIFA e UEFA) atentassem permanentemente contra os direitos a que as «pequenas-grandes» nações do desporto-rei têm direito a usufruir: mais fundos para o desenvolvimento das pequenas esferas do futebol nacional; mais condições para que os jovens possam fazer aquilo que mais os satisfaz, conduzindo a bola no pé por campos relvados e com uma razoável assistência médica. A actual FPF prefere estar ao lado desses mesmos colossos, sentada a uma mesa em que vai comendo do mesmo bolo, não deixando sequer umas migalhas para os mais necessitados.

Segundo: reduziria de uma forma significativa o poder que as grandes associações de futebol do país têm, actualmente, nas acesas Assembleias Gerais da FPF e nas decisões que imanam, todos os dias, de uma instituição que se diz de interesse público.

Terceiro: efectuaria uma autêntica purga no Conselho de Disciplina e no Conselho de Justiça. Estes órgãos precisam de seguir o mesmo rumo que Hermínio Loureiro deu à Comissão Disciplinar da LPFP - a entrada de jovens magistrados com vontade de trabalhar e de decidir rapidamente casos de celeuma jurídica e disciplinar no nosso futebol – e evitar a manutenção dos ancestrais “dinossauros” que ainda hoje ocupam o cadeirão do poder.

Quarto: produziria algumas alterações ao funcionamento e elementos do actual Conselho de Arbitragem. É preciso ouvir os árbitros em tudo o que diga respeito a esta área (algo que o CA não faz…). É preciso haver uma melhor gestão de recursos humanos por parte de quem preside e de quem auxilia, mas também uma maior competência e prontidão na resolução dos problemas.

Quinto: assegurar-me-ia de que o «dossier» Selecções Jovens teria uma particular atenção, tendo em vista evitar situações menos próprias despoletadas por casos de indisciplina, mas não só. É preciso virar as atenções, de uma forma definitiva, para a “fornada” de treinadores que todos os anos concluam os respectivos cursos de formação. Jovens promissores e extremamente competentes, estes técnicos têm ideias que vão sendo sucessivamente rejeitadas pela actual Direcção da FPF.

Sexto: desenvolveria, finalmente, o futebol feminino, ao nível de apoios a clubes desportivos que, no patamar seguinte, produziriam valores seguros para as selecções nacionais. Por arrasto, seria interessante desenvolver também a arbitragem de carácter feminino, dando às mulheres um igual acesso aos quadros de árbitros de cariz nacional, algo que, infelizmente, não acontece hoje.

Mas como tudo parece na mesma e não tenho um particular interesse em me candidatar a Presidente da FPF, é melhor esquecermos todas estas linhas que acima foram escritas.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

SUPERTAÇA CÂNDIDO DE OLIVEIRA: BRUNO PAIXÃO É O JUIZ

IMAGEM: lpfp.pt


JOSÉ PEDRO PINTO


Bruno Paixão foi o árbitro escolhido pelo Conselho de Arbitragem da FPF para dirigir o encontro entre F.C. Porto e Sporting, a contar para a Supertaça Cândido de Oliveira. A partida está agendada para sábado, às 21h, e terá lugar no Estádio Municipal de Leiria.

Em declarações à RENASCENÇA, o setubalense de 33 anos, que foi o 6º posicionado na classificação de árbitros de 1ª categoria em 2006/2007, não escondeu a satisfação por uma nomeação que representa "o ponto mais alto" na sua carreira. "Espero corresponder às expectativas de quem confiou em mim", afirmou o árbitro que ficou classificado um lugar acima de Pedro Henriques.

O jovem juiz disse, no entanto, não estar "surpreendido" com esta nomeação: "Temos que estar sempre preparados para apitar jogos." Em relação aos restantes intervenientes da partida, Paixão deixou um apelo: "Desejo que o jogo seja uma grande festa, e que esta época seja um exemplo para o nosso futebol."

Bruno Paixão será auxiliado por António Godinho e Paulo Ramos, tendo Marco Ferreira (árbitro madeirense promovido esta época à 1ª Categoria) sido nomeado para ocupar a posição de 4º Árbitro.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

TAÇA DA LIGA: 2ª ELIMINATÓRIA

IMAGEM: jpn.icicom.up.pt


ANDRÉ MATOS LEITE


Já foi sorteada a Segunda Eliminatória da Taça da Liga. Esta ronda, que se vai realizar no dia 12 de Agosto, conta já com clubes da Primeira Liga portuguesa.

Gondomar – V. Setúbal

Estoril – E. Amadora

Trofense – V. Guimarães

Penafiel – Marítimo

Varzim – Leixões

Portimonense – Naval

Fátima – Académica

Beira-Mar - Boavista

REAL MADRID COM QUARESMA NA RESERVA

IMAGEM: record.pt


ANDRÉ MATOS LEITE


Segundo a imprensa portuguesa e o diário desportivo espanhol “As”, o Real Madrid vai avançar para a contratação de Ricardo Quaresma, jogador do F.C. Porto, caso falhe a contratação de Robben ao Chelsea.

O clube madrileno está a tentar contratar Arjen Robben e Michael Ballack ao Chelsea num negócio avaliado em 45 milhões de euros e, caso este negócio falhe, o plano de reserva é o extremo português Quaresma.

O Futebol Clube do Porto pede 25 milhões pelo “Harry Potter do Dragão”, um valor que o Real Madrid está disposto a aceitar.

Quaresma já esteve na mira dos madrilenos em 2001, altura em que tinha 17 anos e jogava no Sporting, mas preferiu o Barcelona para a sua primeira experiência fora de Portugal.

domingo, 5 de agosto de 2007

MANCHESTER UNITED CONQUISTA SUPERTAÇA INGLESA

IMAGEM: record.pt


O JOGO SÓ FOI DECIDIDO COM RECURSO À "LOTARIA" DE GRANDES PENALIDADES, ONDE VAN DER SAR BRILHOU E OFERECEU O TÍTULO À EQUIPA DE FERGUSON, QUEIRÓS, RONALDO E NANI.


JOSÉ PEDRO PINTO


O Manchester United venceu, esta tarde, a Supertaça Inglesa, em Wembley, derrotando o Chelsea na marcação de grandes penalidades.

No final dos 90', o placard indicava 1-1 (Giggs marcou para os "red devils" aos 34', enquanto que Malouda empatou por parte dos "blues", ao minuto 45'), o que obrigou ambas as equipas a decidir a atribuição do título com recurso às grandes penalidades.

Neste capítulo do encontro, Van der Sar brilhou entre os postes, tendo o guarda-redes do Manchester United negado por três vezes o golo ao Chelsea (Wright-Philips, Lampard e Pizarro falharam). Do lado dos "reds", ninguém desperdiçou a oportunidade de facturar da marca dos 11 metros, já que tanto Rio Ferdinand como Carrick e Rooney selaram a vitória da equipa de Queirós, Ronaldo e Nani.

Cristiano Ronaldo e Ricardo Carvalho foram titulares, pelas suas respectivas equipas, mas também Nani se estreou com a camisola do Manchester United. Entrou já no decorrer da 2ª Parte e mostrou-se a um bom nível.

sábado, 4 de agosto de 2007

VIT. GUIMARÃES: JORGINHO TEM DE DECIDIR

IMAGEM: dragaozinhos.blogs.sapo.pt

HÁ ACORDO ENTRE F.C. PORTO E VIT. GUIMARÃES; FALTA O AVANÇADO BRASILEIRO DIZER "SIM"... OU "NÃO".


JOSÉ PEDRO PINTO


Já há acordo entre F.C. Porto e Vit. Guimarães tendo em vista o empréstimo de Jorginho aos vimaranenses, por uma temporada. O único problema reside agora no jogador: Jorginho tem até quarta-feira para decidir se quer rumar a Guimarães ou, pelo contrário, se opta por uma outra via.

Emílio Macedo, presidente do Vitória, já deixou o aviso: "O plantel tem de ficar fechado até à próxima quarta-feira. Se não vier o Jorginho, poderá vir outro jogador ou até ninguém". Segundo a edição de hoje do jornal O JOGO, Jorginho já tem conhecimento do acordo entre as duas partes e estará já ao corrente das condições que o Vit. Guimarães oferece. No entanto, o avançado - que, recorde-se, não entra nos planos de Jesualdo Ferreira para esta época - ainda não deu uma resposta.

A «novela» que se desenrola em função desta transferência tem, assim, apenas mais alguns dias para preparar o desenlace final: quarta-feira foi a data limite imposta por Emílio Macedo para que Jorginho diga se quer, ou não, alinhar pela equipa orientada por Manuel Cajuda.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

TORNEIO DO GUADIANA ARRANCA HOJE


IMAGEM: afalgarve.pt


A PROVA CONTA COM A PARTICIPAÇÃO DE BENFICA, SPORTING E BÉTIS DE SEVILHA E HÁ UMA ENORME PROCURA POR BILHETES. MAIS LOGO, O PRIMEIRO EMBATE OPÕE BENFICA E BÉTIS.


JOSÉ PEDRO PINTO


Arranca hoje a VII edição do Torneio Internacional do Guadiana, uma prova de pré-época habitualmente organizada nos últimos anos. Tal como na edição do ano passado, Benfica e Sporting participam, juntamente com o Bétis de Sevilha, neste torneio triangular que terá lugar, uma vez mais, em Vila Real de Santo António.

A procura de bilhetes tem sido intensa e a organização prevê boas assistências nos três jogos agendados. O preço dos ingressos varia entre os 30 e os 50 Euros (dependendo da localização dentro do recinto) e cada um desses bilhetes garante entrada para todos os jogos.

Assim, hoje realiza-se o encontro inaugural que oporá Benfica a Bétis, com início marcado para as 21h15m, enquanto que o Sporting-Bétis está agendado para amanhã. Domingo é o dia da grande final, com uma partida entre os velhos rivais de Lisboa: Sporting e Benfica medem forças entre si, naquele que é o primeiro grande clássico da época.

LIGA DOS CAMPEÕES: TERCEIRA PRÉ-ELIMINATÓRIA

IMAGEM: bissaudigital.com


ANDRÉ MATOS LEITE


O Benfica vai jogar com o FC Copenhaga ou com o Beitar de Jerusalém na eliminatória de qualificação para a Liga dos Campeões. É o primeiro jogo oficial dos “encarnados” esta temporada e o primeiro verdadeiro teste às capacidades dos novos reforços. A 1ª mão será disputada a 14 ou 15 de Agosto ficando a 2ª mão para dia 28 ou 29 do mesmo mês.

Ambos os possíveis adversários já jogaram em edições passadas da “Champions” com o clube da Luz. Na época passada Benfica e FC Copenhaga encontraram-se na fase de grupos registando-se um empate na Dinamarca e uma vitória em Lisboa da equipa da casa.

Na época de 1998/99, os “encarnados” venceram,por um resultado final de 8-4, os israelitas do Beitar de Jerusalém. Curiosamente, os dois clubes enfrentaram-se na terceira pré-eliminatória, o que se pode repetir esta temporada.

SORTEIO

Hafnarfjordur (Islândia)/ BATE Borisov (Bielorrússia) - Zaglebie

Lubin (Polónia) - Steaua Bucareste (Roménia)

Tampere United (Finlândia)/ Levski Sofia (Bulgária) - Astana Kazakhstan)/ Rosenborg (Noruega)

Spartak Moscovo (Rússia) - Celtic (Escócia)

Werder Bremen (Alemanha) - NK Domzale (Eslovénia)/ Dínamo Zagreb (Croácia)

Ventspils (Letónia)/ Salzburgo (Áustria) - Pyunik (Arménia)/Shakhtar Donetsk (Ucrânia)

Ajax (Holanda) - MSK Zilina (Eslováquia)/ Slavia Praga (Rep. Checa)

Valencia (Espanha) - Debrecen (Hungria/ IF Elfsborg (Suécia)

Genk (Bélgica)/ Sarejevo (Bosnia) - Dínamo Kiev (Ucrânia)

Fenerbahce (Turquia) - Anderlecht (Bélgica)

Rangers (Escócia)/Zeta (Montenegro) - Estrela Vermelha Belgrado (Sérvia)/ Levadia Tallin (Estónia)

Toulouse (França) - Liverpool (Inglaterra)

Benfica (Portugal) - FC Copenhagen (Dinamarca)/Beitar Jerusalém (Israel)

Lazio (Itália) - Dínamo Bucareste (Roménia)

Sparta Praga (Republica Checa) - Arsenal (Inglaterra)

FC Zurique (Suíça) - Besiktas (Turquia)/ Sheriff (Moldávia)

Sevilha (Espanha) - AEK Atenas (Grécia)

COMENTÁRIO DA SEMANA

OS ÁRBITROS, OS TREINADORES E O FUTEBOL


ANDRÉ MATOS LEITE


Pessoalmente, estou farto de ouvir que “o árbitro não assinalou um penalty”, que “ficou um jogador por expulsar”, entre outras desculpas dos comandantes das diversas equipas portuguesas.


Nos últimos anos temos vindo a assistir a um fenómeno crescente no futebol português: as queixas de más arbitragens. É frequente os treinadores, especialmente dos “três grandes”, recorrerem aos erros de arbitragem para justificar os maus resultados das suas equipas.

Mais recentemente, assistimos ao escândalo “Apito Dourado”, que pode vir a incentivar os “misters” a usarem cada vez mais esta justificação para as suas derrotas e mesmo empates.
Pessoalmente, estou farto de ouvir que “o árbitro não assinalou um penalty”, que “ficou um jogador por expulsar”, entre outras desculpas dos comandantes das diversas equipas portuguesas.

Vamos ser honestos. Cada um dos três grandes têm equipas que valem milhões. Os seus orçamentos são exageradamente elevados devido à participação não só nas duas competições nacionais (a que se junta agora a Taça da Liga), mas também nas competições europeias. A quantidade de clubes, na Liga Portuguesa, que podem competir com Benfica, Porto e Sporting está reduzida a dois ou três clubes e, aquele que me parece ser o maior opositor da hegemonia dos “três grandes”, o Braga, só pode esperar o 4º lugar na Bwin Liga.

Ora os jogos que decidem o campeonato raramente são os Benfica – Porto ou Porto – Sporting. São os jogos com os “pequenos” que realmente decidem as posições. Com as diferenças de orçamento e de qualidade de jogadores não se admite que os “três grandes” se apoiem nas más arbitragens para justificar os maus resultados. Se equipas que têm Lucho González e Quaresma, Miguel Veloso e Liédson, ou Katsouranis e Manuel Fernandes perdem e empatam não é por culpa dos árbitros. Os erros de arbitragem são normais. Os árbitros são humanos. E nunca o Benfica se queixou das grandes penalidades erradamente assinaladas sobre João Pinto, nem o Sporting se queixou do mesmo com Acosta, nem o Porto se queixava de os árbitros não expulsarem Paulinho Santos.

Os nossos três principais candidatos ao título têm que mudar de mentalidade. Se clubes com este poder desportivo e financeiro não conseguem ultrapassar alguns erros de arbitragem para ganhar aos mais pequenos clubes da Primeira Liga Portuguesa, será que merecem ganhar? Não. Clubes que pretendem lutar pela Liga dos Campeões têm que ser capazes de ganhar, mesmo que prejudicados por erros da arbitragem.